A justiça negou o pedido de soltura da maquiadora Cleia Rosa dos Santos Bueno, 34 anos. Ela é acusada de mandar o amante Adriano Gino, 29 anos, matar o marido, Jandirlei Alves Bueno, 39 anos. Também seria responsável por contratar os irmãos José Graciliano dos Santos, 30 anos, e Adriano dos Santos, 20, para matarem Gino. Os crimes aconteceram entre 2016 e 2017.
Em março deste ano, a defesa peticionou pedindo a revogação da prisão preventiva, que seria substituída por medidas cautelares. A solicitação não foi aceita pela Justiça de Sinop. “Ressalto que o presente processo já encontra-se em fase de realização da Sessão de Julgamento pelo Tribunal do Júri, encerrada a fase instrutória, não havendo que se falar em excesso de prazo, tendo a legalidade da prisão sido analisada recentemente. Quanto à situação atual do perigo de contágio do “covid-19” nas unidades prisionais, entendo que, por ora, não seria sensato simplesmente a revogação de todas as prisões preventivas, sendo prudente a análise de caso a caso”, consta na decisão.
“Na presente hipótese, verifica-se que a ré não se encontram na faixa de risco especificada pela OMS, bem como os fatos narrados nos autos são dotados de extrema gravidade e complexidade, sendo certo que predicados pessoais, ocupação lícita e domicílio fixo não são, por si sós, suficientes para afastar a concorrência dos pressupostos e requisitos constantes do art. 312 do Código de Processo Penal, além de que este juízo, anteriormente ao presente pedido, já realizou a reanálise de todos os processos em que seria o caso da revogação da prisão, diante da situação atual, entendendo que o presente feito não se enquadrava nessa situação”.
Cleia e os outros dois acusados iriam a júri popular em outubro do ano passado. No entanto, uma série de determinações judiciais no processo ainda estava pendente e a 1ª Vara Criminal entendeu que não haveria tempo hábil para conclusão. Por este motivo, o julgamento foi remarcado para o dia 2 de abril de 2020. Porém, em razão da pandemia de coronavírus, foi adiado e não há nova data prevista.
Cleia é a única dos três que irá a júri popular por duplo homicídio. Pela morte do marido Jandirlei Alves Bueno, 39 anos, ela vai a julgamento por homicídio qualificado, cometido por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Em caso de condenação, poderá ter a pena agravada se for reconhecida pelos jurados como a mandante do crime.
Pelo assassinato de Adriano Gino, 29 anos, a maquiadora vai responder em júri popular por homicídio qualificado, cometido de maneira cruel, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima e para assegurar a ocultação e impunidade da morte de Jandirlei. Também poderá ter a pena aumentada, caso seja condenada, por ser a suposta mandante do assassinato. Ainda responderá por ocultação de cadáver.
Os irmãos José Graciliano dos Santos, 30 anos, e Adriano dos Santos, 20,por outro lado, que teriam sido contratados pela maquiadora para matar Gino, irão responder por homicídio qualificado, cometido mediante promessa de recompensa, de maneira cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ainda serão julgados por ocultação de cadáver.
A maquiadora é acusada de mandar o amante Adriano matar o marido e, depois, teria contratado José e Adriano, que trabalhavam como vigilantes no mesmo bairro que ela morava, para matar o amante. Os três foram presos no final de março do ano passado por policiais da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf). Os irmãos levaram os investigadores até o local onde o corpo de Gino foi enterrado, em uma área de mata, na estrada Alzira. Ele estava desaparecido desde o dia 23 de dezembro de 2017. Na mesma vala, foi encontrada a motocicleta da vítima.
Jandirlei foi esfaqueado na residência do casal, no Jardim Florença, durante suposto latrocínio (roubo seguido de morte), que teria sido executado, segundo a polícia, pelo amante de Cléia. O marido da maquiadora foi atingido por dois golpes de faca, em outubro de 2016, e ficou internado por quase dois meses, porém, acabou falecendo. Na data do crime, a mulher contou à polícia que estava em casa, na companhia do esposo, quando foram rendidos por dois assaltantes. Na versão contada, Jandirlei teria reagido e sido esfaqueado.
Já os dois irmãos, supostamente contratados por Cleia, contaram à Polícia Civil como mataram Adriano Gino. “Ela primeiro ofereceu R$ 5 mil, depois um carro GM Prisma e nós aceitamos. Ela levou o amante até a casa dela, dopou com comprimidos e nós matamos com golpes de enxada. Depois colocamos no carro e escondemos o corpo”, disse um deles, na época da prisão.
Os três continuam presos. Em alegações finais no processo, a defesa da maquiadora disse que ela não participou da morte de Jandirlei. Também pediu absolvição em relação ao crime de homicídio contra Gino, alegando “excludente de culpabilidade consistente na inexigibilidade de conduta diversa”.
Já a defesa de Adriano dos Santos pediu a impronúncia do réu, afirmando que ele cometeu “crime impossível”, uma vez que o suposto amante de Cleia já estaria morto quando recebeu os golpes de enxada. Apontou também que José Graciliano é inocente e não participou do assassinato.