A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE) e tornou réu, por homicídio duplamente qualificado, o principal suspeito de matar Adão Cardoso Silva, 25 anos. O jovem foi morto a tiros, em agosto deste ano, na rua Três do bairro União. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao hospital regional, onde acabou falecendo pouco depois.
Com a decisão da Justiça, o réu passa a responder por homicídio cometido por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. A juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano também decidiu converter em preventiva a prisão temporária decretada contra o suspeito.
“Em um primeiro prisma de abordagem, do confronto/cotejo analítico do material cognitivo produzido na relação processual — em um juízo de convicção de natureza provisória e precária — é possível antever que existe demonstração satisfatória da existência da infração penal homicídio qualificado, além de indícios suficientes de que o indiciado seja o autor do delito”, afirmou a magistrada.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Adão estava sentado próximo à rua, quando um homem, em uma motocicleta Yamaha Factor preta, aproximou-se e efetuou vários disparos. A Polícia Militar foi acionada e encontrou a vítima caída. Adão, no entanto, conseguiu relatar aos policiais que estava sendo ameaçado de morte pelo suspeito, por meio de mensagens e ligações telefônicas.
A investigação conduzida pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) conseguiu apurar que o acusado já havia sido visto na localidade pilotando uma moto com as mesmas características que a utilizada no homicídio. A Polícia Civil também apontou que o crime pode ter sido motivado por vingança, já que o réu acreditava que seu irmão foi assassinado com possível envolvimento da vítima.
“O réu, em tese, premeditou o ilícito, tendo se aproveitado da oportunidade em que veio ao município para pegar uma arma de fogo para o seu patrão para praticar o homicídio, retornando a Sinop, em seguida, utilizando o patrão com álibi, visto que este não declinaria à polícia sua viagem, em razão da ilicitude da transação de compra e venda da arma de fogo”, consta na decisão assinada por Emanuelle.
“Estas circunstâncias, principalmente se enfocado o quadro sob o ponto de vista da cronologia dos eventos que permearam a dinâmica da ação criminosa, pendem por atestar e deixam entrever a gravidade concreta do evento criminoso, apta a demonstrar a periculosidade do indiciado à sociedade, que por simples suspeita, matou Adão Cardoso Silva, o que se consolida como fator hábil a inserir em situação de risco à ordem pública”, completou a magistrada.
Na época do homicídio, o subtenente Ronaldo, do Corpo de Bombeiros, explicou que Adão “estava em parada, porém foi realizado massagem, cardiopulmonar e aplicado oxigênio em todo o trajeto até o hospital. Foram verificadas duas perfurações, uma na região do tórax e outra na região do pulmão. Houve bastante perda de sangue”.
O suspeito foi preso ainda em agosto e segue na cadeia. O irmão do réu foi morto em 2020, em frente à própria residência. Dois homens foram presos pelo crime e aguardam julgamento.