Por cinco votos a dois, o pistoleiro José Vicente da Silva foi inocentado na noite de ontem da acusação de homicídio duplamente qualificado do missionário jesuíta Vicente Cañas. Ele foi o segundo acusado pelo crime, que ocorreu há 19 anos, a ser inocentado por júri popular. A argumentação é de que não há provas suficientes contra ele.
O procurador da República no Mato Grosso responsável pela acusação do caso, Mário Lúcio Avelar, deve recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal em Brasília antes que o crime prescreva. Em abril do ano que vem, o assassinato completa 20 anos.
Vicente Cañas foi assassinado a golpes de faca em abril de 1987 na terra dos Enawenê Nawê, onde viveu por dez anos. Ele foi assassinado por fazendeiros e madeireiros da região que eram contrários à demarcação das terras indígenas. O corpo de Vicente foi encontrado 40 dias depois do crime em frente ao barraco onde morava.
Dos seis acusados pelo assassinato de Cañas, dois já morreram, dois tiveram a acusação prescrita por terem mais de 70 anos e, além de José Vicente, o ex-delegado de Juína na época do crime, Ronaldo Antônio Osmar, também foi absolvido por júri popular. O procurador Mário Lúcio Avelar recorreu da sentença.