O juiz Rafael Depra Panichella definiu o dia 1º de setembro como data para julgar o casal acusado de matar e jogar o corpo do próprio filho, um bebê de sete meses, em um poço, no município de Tabaporã (200 quilômetros de Sinop). A criança foi vista pela última vez em dezembro de 2019. O corpo acabou sendo localizado em janeiro do ano passado.
Por decisão do magistrado, informada em primeira mão por Só Notícias, os acusados seriam levados a júri popular no dia 3 de março. No entanto, o Ministério Público Estadual (MPE) explicou que o delegado de Jataí (GO), Agnaldo Coelho Alves, estaria em férias nessa data. A promotoria insistiu que o depoimento do delegado, que comandou as investigações na cidade onde os réus foram localizados, é imprescindível.
Depra concordou com os argumentos e decidiu remarcar o julgamento para o dia 29 de março, quando a sessão acabou novamente não sendo realizada. Agora, foi definido que o júri será realizado de maneira híbrida, com apenas algumas pessoas no plenário. O pai e a mãe da criança serão ouvidos por videoconferência. Eles irão a julgamento por homicídio qualificado e pelo crime de ocultação de cadáver.
Os dois seguem presos. No ano passado, a defesa pediu que a acusada fosse para o regime de prisão domiciliar, já que é portadora de Hanseníase e HIV. Panichella, no entanto, negou o pedido, ao levar em consideração que, segundo a direção da Penitenciária Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, a acusada estava recebendo tratamento.
As investigações em buscas do corpo da bebê iniciaram no dia 8 de janeiro, após denúncia ao Conselho Tutelar do município. Segundo testemunhas, no dia 27 de dezembro, o casal foi visto nas proximidades do rio Sereno com o carrinho de bebê (não sendo constatado se a criança estava no carrinho ou não). Logo em seguida, o casal foi visto sozinho sem a criança e sem o carrinho e, mais tarde, pedindo carona a terceiros.
Posteriormente, uma testemunha que teve contato com o pai da criança relatou que ele disse que teve que sair às pressas da cidade e pediu para que fosse colocado fogo nas coisas do bebê. Durante as buscas, o carrinho da criança foi localizado no córrego onde o casal havia sido visto.
A Polícia Civil ouviu várias testemunhas e foram apuradas evidências que o casal teria tirado a vida da criança e, posteriormente, fugido. Eles acabaram sendo localizados na cidade de Jataí (GO), com apoio da Polícia Civil local. Após serem interrogados pelo delegado da cidade goiana, confessaram a autoria dos crimes.
Equipes da Polícia Civil de Tabaporã e do Corpo de Bombeiros de Sinop localizaram, no dia 9 de janeiro de 2020, partes do corpo no fundo de um poço, nos arredores da cidade. Devido ao tempo e às condições do local, o corpo já estava em decomposição.
Em 2019, o casal já havia sido denunciado por maus tratos contra a criança. A bebê ficou na Casa de Passagem do município durante um período, até que a guarda foi restituída pela justiça aos pais.