Um forte esquema de segurança foi montado para a realização do primeiro júri popular de João Arcanjo Ribeiro, 62 anos, hoje. A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) afirma que um grupo especial formado por profissionais das Forças de Segurança de Mato Grosso estão envolvido. Tropas de elite da Polícia Militar, como Batalhão de Operações Especiais (Bope), Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam) e Esquadrão Antibomba participam da segurança dentro do Fórum da capital.
Há ainda a participação de agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e Polícia Federal na transferência do réu da Penitenciária de Segurança Máxima de Porto Velho (RO) para Cuiabá.
O início do esquema de segurança foi em Rondônia, local de onde partiu o voo em que Arcanjo veio escoltado por policiais federais. Segundo regulamento nacional, somente a Polícia Federal tem autorização para realizar trajetos aéreos armada. Após desembarcar na capital, Arcanjo ainda continuou escoltado pela PF, porém, com reforço dos agentes de segurança de Mato Grosso.
A participação dos policiais federais aconteceu até o local em que Arcanjo permaneceu recluso antes do início do julgamento, a ser realizado nesta quinta-feira (24). O policiamento no Fórum Desembargador José Vidal teve início às 5h. Segundo o coordenador militar do Tribunal de Justiça, coronel Wilson Batista, o horário antecipado foi para que as últimas instruções sejam repassadas aos policiais que irão integrar o esquema de segurança, como também para que o local passe por varredura.
Todo o prédio do Fórum da capital foi intensamente vistoriado. O julgamento está previsto para ter início às 8h. Assessor militar do Fórum da capital, major Jonildo José de Assis, explica que o controle de acesso ao local também foi intensificado e o ingresso à sala do Tribunal do Júri foi restrito.
Todos que entrarem deverão ter feito pré-cadastro na 1ª Vara Criminal (público em geral) ou na Coordenadoria de Comunicação do Tribunal de Justiça. Todos passarão por detectores de metais. Mesmo com as restrições, o TJ informou na segunda-feira (21) que as vagas para assistir ao julgamento já estavam esgotadas.
Segundo o coronel Batista, por questões de segurança, somente 90% da capacidade do auditório será ocupada. "Havendo necessidade de esvaziamento imediato é mais fácil quando o ambiente não está lotado".
Além do esquema de segurança dentro do ambiente em que ocorre o julgamento, também será realizada a segurança nas imediações do Fórum de Cuiabá. Batista explica que qualquer movimentação em torno do prédio Desembargador José Vidal será vigiada por agentes no Centro Integrado de Segurança, que reúne as imagens do circuito interno de televisão do TJ, Fórum da capital e de mais 9 comarcas.
Julgamento – A previsão, segundo o Judiciário e também do Ministério Público Estadual, é de que o júri popular de João Arcanjo Ribeiro tenha duração de 2 dias. Durante este período, os 7 jurados e também o juiz responsável pelo julgamento, Marcos Faleiros da Silva, deverão dormir na sede do Fórum.
Conforme legislação, quando os julgamentos têm duração de 2 ou mais dias, os jurados devem dormir nas acomodações dos tribunais ou são levados para hotéis nas proximidades. Mesmo nessa situação, eles continuam sem poder se comunicar com a família. Nestes casos, cabe ao Tribunal avisar familiares sobre a situação. Para garantir a incomunicabilidade dos integrantes do júri e que estes não conversem sobre o que está sendo julgado, oficiais de justiça permanecem nos quartos até os jurados durmam.
O crime – Arcanjo será julgado pela morte do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Junior. O crime, que foi registrado às 15h30, de 30 de setembro de 2002, aconteceu no bairro Consil, em Cuiabá. Na data, Brandão foi baleado e morreu ainda no local do crime, devido aos ferimentos ocasionados pelos tiros de pistola 9mm.
De acordo com denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o assassinato teria sido encomendado por João Arcanjo Ribeiro. Célio Alves de Souza, Hércules Araújo Agostinho, Fernando Barbosa Belo e João Leite integraram grupo responsável pela execução do empresário.