Uma pesquisa qualitativa feita com jovens de seis países sul-americanos concluiu que eles esperam que o Poder Público formule políticas específicas para a juventude. “Costuma-se dizer que os jovens de hoje não têm nenhuma crença na política, em termos do papel do Estado, dos poderes constituídos. E o que nós notamos é que todos os jovens demandam e esperam que o Poder Público tenha um papel”, afirmou Regina Novaes, antropóloga e consultora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Já para a socióloga Helena Abramo, que fez a supervisão técnica da pesquisa no Brasil, isso não quer dizer que os jovens acreditem mais no Poder Público. “Esses jovens organizados têm uma noção clara de que seus direitos devem ser garantidos e de que o Estado tem papel nisso, mas isso não quer dizer necessariamente que eles têm confiança no Poder Público”, explicou.
A pesquisa Juventude e Integração Sul-Americana foi realizada principalmente com jovens de organizações e movimentos sociais. É uma pesquisa qualitativa, feita por meio de entrevistas e grupos de discussão, e ouviu 960 pessoas em seis países sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. A realização é do Ibase e do Instituto de Estudos Formação e Assessoria em políticas Sociais (Pólis).
Uma das conclusões da pesquisa foi a de que os jovens sempre evocam os poderes públicos para encaminhar as resoluções de seus problemas. “Em todas as discussões, o que se espera é que o Estado cumpra esse papel da construção do espaço público e com políticas específicas para os jovens”, disse Novaes.
Para Helena Abramo, outra descoberta do estudo é que os jovens estão expressando mais publicamente suas demandas. “Na maioria das vezes, essas demandas têm a ver com questões prementes das vidas deles e que também apontam para a necessidade de uma transformação da sociedade e de políticas públicas que respondam a direitos que ainda não estão respondidos”, avalia.
A socióloga disse ainda que as principais demandas dos jovens estão articuladas e precisam ter respostas em várias áreas, como educação, trabalho e segurança. E concluiu: “O Poder Público tem um papel muito importante na garantia dos direitos que os jovens estão demandando”.