Após a 7ª licença médica tirada pela tenente do Corpo de Bombeiros Militar, Izadora Ledur de Souza Dechamps, uma investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar que apura se ela tem condições ou não de permanecer na corporação, foi paralisada por mais 60 dias. A oficial é acusada por crime de tortura que resultou na morte do aluno Rodrigo Claro, 21 anos, no dia 15 novembro de 2016.
A paralisação do procedimento investigatório foi divulgada no Diário Oficial do Estado, hoje. No ato, assinado pelo governador Pedro Taques, é determinado o sobrestamento a pedido do Conselho de Justificação Militar até o término da licença médica.
Ledur conseguiu um laudo médico psiquiátrico que a mantém afastada da corporação e todas as atribuições ligadas ao Corpo de Bombeiros até o dia 13 de janeiro. Conforme os atestados, ela estaria passando por um quadro de depressão profunda.
Além do tratamento de saúde, as licenças têm garantido o adiamento consecutivo das investigações. Os laudos médicos utilizados pela defesa para pedir o afastamento temporário da investigação começaram em março deste ano.
A intervenção dos procedimentos do Conselho surgiu após a defesa pedir que Izadora Ledur passasse por uma junta médica, realizada no dia 6 de novembro para avaliar se ela tem condições de responder ao Conselho. Com o pedido, os procedimentos investigatórios são suspensos dentro do período determinado e assegura que a investigação não expire. A investigação será retomada após o resultado da perícia médica.
O Conselho de Justificação foi criado em março deste ano, composto de 3 oficiais da ativa, de posto superior ao justificante. O resultado do Inquérito Policial Militar (IPM), que investiga possíveis excessos por parte da tenente Ledur durante os treinamentos na Lagoa Trevisan, levou a militar a ser investigada pelo Conselho de Justificação. Ao final, dependendo do resultado, ela poderá ser expulsa da corporação.
Rodrigo Claro morreu após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do estado de Mato Grosso. A vítima teve hemorragia poucas horas depois de deixar o local, onde foi submetida a sessões de afogamento durante a travessia na lagoa, sob o comando da tenente Izadora Ledur. Ele ficou internado e morreu 5 dias depois.
Em agosto deste ano, Ledur virou ré em processo penal que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá junto a outros 5 bombeiros. O Ministério Público Estadual (MPE) pede na ação penal a condenação por tortura seguida de morte e indenização aos danos causados, como o pagamento do tratamento da vítima, funeral e o luto da família.