A pedido do vereador Maurélio Ribeiro (PSDB), uma audiência pública foi marcada para o dia 26 deste mês para debater, na Câmara Municipal de Cuiabá, a implantação do Hospital São Benedito, previsto para entrar em funcionamento em março, no imóvel do antigo Hospital das Clínicas. A nova unidade terá um custo mensal estimado em R$ 7 milhões, além de outros R$ 130 mil de aluguel pelo espaço que é particular. Ribeiro, que é médico, ressalta que ainda existem muitas dúvidas que precisam ser debatidas e esclarecidas.
A principal preocupação do parlamentar é que todo o processo foi conduzido pelo então secretário municipal de Saúde, Kamil Fares, que deixou o cargo no dia 7 de janeiro. Em seu lugar, assumiu Werley Peres, que também é médico e servidor de carreira no município. “Não posso acreditar que apenas um gestor que entrou agora na Secretaria de Saúde, a menos de 30 dias, que falou para todo mundo, apesar de já ter sido assessor do secretário anterior, que ele não sabia o que estava acontecendo e precisava de um tempo pra tomar pé da situação, vai conseguir implantar nos próximos 30 dias um hospital”, enfatiza Maurélio.
Ele destaca que hoje a saúde é o ponto mais crítico no Brasil e em Cuiabá não é diferente. “Qualquer investimento ou ação na área da saúde demanda um grande montante de recursos financeiros e uma grave consequência na tentativa de implantação de uma coisa que não foi muito bem planejada. Então para que a gente não corra atrás do prejuízo, nada mais justo e mais consciente do que abrirmos um debate sobre isso”, explica o vereador.
O hospital, segundo a Prefeitura de Cuiabá, passa por uma reforma para iniciar o atendimento, disponibilizando 127 leitos, dentre eles 20 UTIs adultas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a unidade estará apta para o atendimento de alta complexidade, com foco nas áreas de cardiologia e neurologia.
A decisão de reabrir o hospital gerou polêmica porque no ano passado o prefeito "mandou", em cima da hora, um projeto para a Câmara de Vereadores aprovar, criando a Empresa Cuiabana de Saúde para gerir a unidade. “Foi criada aqui a Empresa Cuiabana à toque de caixa. Eu me posicionei contrário, não que eu fosse contra, mas porque eu não tinha conhecimento, nem pra ser sim e nem pra ser não. Tive que me abster porque não é assim que se faz saúde. Tentando evitar que isso se repita com a abertura desse hospital a gente quer abrir o debate com as pessoas que entendem”, ressalta Maurélio.
Para ele, ainda não está área de atuação, se vai ser um hospital apenas de retaguarda. “É mais barato contratar ou implantar um hospital do que contratar leitos na rede que já existe?”, questiona ele, ao ressaltar que leitos ociosos poderiam ter sido contratados em estruturas hospitalares, que sairia mais barato e incentivaria os hospitais a se estruturarem melhor. “Esse hospital vai de média complexidade? Um hospital de média complexidade carece de mais investimentos?”
Maurélio ressalta que se for colocar um hospital de neurocirurgia demanda um centro cirúrgico de primeira qualidade, uma UTI de ponta. “Esses profissionais vão vir de onde, que vai custear, esse recurso é suplementar, vai ser retirado do que já existe do SUS? Então acho que nada mais sério e justo do que promover esse debate, até mesmo a título de auxiliar a secretaria de saúde. Não estamos aqui pra tirar, pra bloquear, não é nada disso, queremos auxiliar". Estão sendo convidados os sindicatos da área da saúde, os Conselhos, o Ministério Público, a Defensoria e a sociedade de uma maneira geral.