Ao menos 90 índios da etnia Kayapó retomaram, há pouco, o bloqueio na rodovia federal, no quilômetro 332, na região de Novo Progresso (597 quilômetros de Sinop) contra o projeto da ferrovia Sinop-Miritituba, a “Ferrogrão”. Ontem, novamente ocorreu a liberação de carros, carretas e demais veículos. Hoje está previsto o desbloqueio temporário às 15h e fechamento às 7h de sexta-feira. Toda ação é acompanhada pela Polícia Rodoviária Federal.
O manifesto tem causado prejuízos para milhares de usuários da rodovia dentre eles carreteiros que transportam soja, milho e demais produtos até portos em Miritituba e Santarém.
Procurado por Só Notícias, o Ministério da Infraestrutura informou, ontem, que o licenciamento ambiental da ‘Ferrogrão’ ainda está em fase inicial com elaboração dos estudos, que serão posteriormente, apresentados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Assim que forem iniciados, haverá consulta aos povos indígenas que possam ser afetados diretamente pelo empreendimento.
‘A concessão da rodovia quanto a sua construção, têm como um dos objetivos amenizar os impactos socioambientais hoje existentes, como a ocupação irregular no entorno da rodovia e a abertura de ramais que induzem o desmatamento”, diz trecho da nota.
Consta ainda no documento que as terras Indígenas Mekrangnotie e Baú, pertencentes ao povo Kayapó, possuem distância da Ferrogrão bem acima dos limites estabelecidos pela Portaria Interministerial do março de 2015. Desse forma, estão sendo seguidos os procedimentos definidos pelos órgãos responsáveis pelo Ibama e Fundação Nacional do Índio (Funai), embasados nos normativos vigentes.
O protesto é considerado ilegal e já foi determinada a liberação total da via pela juíza federal, Sandra Maria Correia da Silva e foi estipulada multa de R$ 10 mil/dia.
Eles foram notificados da decisão, mas , os líderes do movimento indígena decidiram recorrer da decisão da magistrada e voltaram a trancar a rodovia federal. O cacique Kayapó e responsável pelas relações públicas do Instituto KABU – Mẽkrãgnõtire, Doto Takak-ire afirmou, anteriormente que “continuarão passando somente ambulâncias. Até agora, não tivemos nenhum posicionamento dos órgãos do governo Federal. Os kayapós vão ficar cada vez mais bravos com essas interferências no movimento. Se a juíza quer tirar os kayapós tem que vir pessoalmente. Agora, se quer ‘caçar’ briga, vamos ter briga”.