Índios da etnia xavante elaboraram uma carta em que registram uma série de reivindicações da população de cerca de 20 mil pessoas a respeito dos serviços de saúde aos índios. O documento foi redigido ao final da audiência pública organizada pelo Ministério Público Federal para discutir o futuro das políticas públicas de saúde para o povo Xavante.
O evento foi realizado, na última quinta-feira, em Barra do Garças, e reuniu cerca de duzentos representantes dos territórios Xavante, do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), do Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante (Dsei) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Entre as 14 reivindicações, os Xavantes reafirmam o direito da comunidade indígena de definir os rumos das políticas de saúde por meio do Conselho Distrital de Saúde Indígena e das lideranças tradicionais e chamam a atenção das autoridades para a necessidade de serem consultados na forma prevista pela Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho.
A comunidade Xavante também denunciou o descaso dos municípios com o atendimento das demandas indígenas. As estradas, que deveriam ser mantidas pelos municípios, estão em estado calamitoso, dificultando o deslocamento de equipes de saúde e pacientes. O município de Barra do Garças, onde a audiência pública foi realizada, não enviou nenhum representante para a reunião, o que foi objeto de protesto das lideranças indígenas presentes e do Ministério Público Federal.
Outra reivindicação é que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) valorize e respeite os saberes tradicionais dos curandeiros e parteiras, garantindo o diálogo intercultural entre os conhecimentos indígenas e os da sociedade branca.