Cerca de 100 indígenas do povo Enawene Nawe ocupam desde ontem, a estrada Sapezal – Campos de Júlio e o canteiro de obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH), próximo às terras indígenas do povo Enawene e do povo Nambikwara. O clima no local é tenso. A construção faz parte de um complexo de seis PCHs que serão construídas ao longo do rio Juruena. Os estudos de impacto indicam a necessidade de medidas compensatórias.
Ao longo do processo, os indígenas demonstraram descontentamento por não terem sido consultados ou informados com relação aos impactos das obras e às medidas compensatórias por parte da empresa empreendedora do projeto. Houve apenas uma reunião que os indígenas consideraram sem representatividade por conta do número limitado de participantes indígenas e da ausência do Ibama, da Funai, da Sema e do MPF.
Por conta disso solicitaram do MPF a constituição de um grupo de estudo para uma análise independente dos impactos e das possíveis medidas compensatórias, pois o laudo apresentado foi feito pela empresa empreendedora. Apesar disso, as obras tiveram início sem a realização desse laudo independente e nem mesmo da definição das medidas compensatórias baseadas no laudo da empresa.
O objetivo da ocupação é chamar a atenção das autoridades competentes para esse fato e cobrar do MPF a realização do laudo independente. Por se tratar de um povo que tem sua dieta protéica constituída predominantemente por peixes, já que não consomem carne vermelha, as obras que terão impacto direto sobre seus recursos alimentares causam grande preocupação entre os Enawene.