Os quatros maiores hospitais filantrópicos de Mato Grosso (Santa Helena, Santa Casa, Hospital de Câncer e Hospital Geral Universitário) suspenderam, a partir de hoje, o recebimento de novos pacientes na internação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O motivo é o atraso no repasse de dinheiro do governo estadual. Com isso, quem precisa de uma vaga terá que buscar em outros municípios.
Desde janeiro deste ano, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) não faz os repasses dos valores complementares para a manutenção das UTIs. A dívida já chega a R$ 4,941 milhões.
A presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (FEHOSMT), Elisabeth Meurer, disse que mesmo diante de um déficit mensal de leitos de terapia intensiva no Estado, a SES não repassa os valores para manutenção dos leitos existentes e contratualizados, que representam juntos 40 leitos de UTI Geral Adulto, 8 leitos de UTI Coronariana, 10 leitos de UTI Pediátrica e 45 leitos de UTI Neonatal, um total de 103 leitos disponibilizados de UTI em Cuiabá.
Elisabeth destaca que não há viabilidade em manter os atendimentos nos hospitais, uma vez que o não recebimento desses recursos acarreta na falta de pagamento dos médicos, fornecedores e na compra dos medicamentos. "É uma conta que não fecha, porque todos os meses trabalhamos no vermelho. Estamos tratando de vidas e não podemos deixar de cuidar destas pessoas que precisam deste serviço. Só que os hospitais filantrópicos não tem mais de onde tirar dinheiro para manter estes atendimentos".
A presidente declara que os hospitais não queriam tomar esta atitude drástica, mas que não vê solução para o problema. "Não podemos mais fazer empréstimos e pagar juros altos nos bancos para manter um serviço que é de responsabilidade do Estado. E nós temos que ser responsáveis com os que já estão internados e precisam de assistência e medicamentos de alto custo.
Os pacientes do SUS poderão contar apenas com os leitos ofertados pelo Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) e Hospital São Benedito, que correspondem apenas 10% do total disponível.
Elisabeth esclareceu que todos os hospitais não têm medido esforços para prestar um atendimento digno aos pacientes recebidos nas UTI's. "Pedimos a compreensão da população, mas não podemos mais receber pacientes se não temos como tratá-los, isso tudo porque o governo está há três meses sem realizar os repasses, mesmo depois de reiteradas negociações".