Rodrigo Machado de Oliveira foi condenado, ontem, em tribunal do júri, a 51 anos e cinco meses de reclusão e 70 dias-multa pelos ataques à bomba em duas unidades de um supermercado, em abril do ano passado, em Rondonópolis (212 km de Cuiabá). A sessão de julgamento durou cerca de 18 horas. Conforme a sentença lavrada pelo magistrado Leonardo Costa Tumiati, o condenado iniciará o cumprimento da pena em regime fechado e não poderá recorrer em liberdade.
O conselho de sentença acolheu a tese do Ministério Público de Mato Grosso e condenou o réu pelos crimes de homicídio tentado, explosão, extorsões e por posse de artefato explosivo ou incendiário.
Conforme a denúncia, no dia 4 de abril, Rodrigo Machado de Oliveira, dizendo “ser membro de uma organização que efetua ações de altíssima violência”, entrou em contato via aplicativo de mensagens com o telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do supermercado, exigindo o pagamento de R$ 300 mil em criptomoedas, sob pena de ataques contra as 11 lojas que compõem a rede de supermercados caso não fosse atendido até o final da tarde daquele dia.
Por volta das 18h, ele explodiu um artefato que estava fixado na unidade no bairro Vila Operária, “querendo e assumindo o risco de matar consumidores e funcionários inocentes”, apontou o MP. Os estilhaços arremessados atingiram uma criança de sete anos e uma mulher. O menino teve fraturas na bacia, no joelho, na perna direita e na mão esquerda, e por todo o seu corpo havia fragmentos arremessados em decorrência da explosão, inclusive nos olhos. Ele foi operado e ficou internado na UTI. Já a mulher sofreu rompimento de tendões no pé direito e passou por cirurgia em um hospital particular da cidade. Ela teve que ficar em repouso por três meses após ser operada. Além dos ferimentos causados nas vítimas, o acusado causou prejuízos patrimoniais aos sócios do estabelecimento comercial.
No dia seguinte, ciente da extensão dos danos ocorridos em razão da repercussão nas redes sociais, Rodrigo entrou novamente em contato com o estabelecimento comercial e fez outra ameaça, exigindo o pagamento de R$ 300 mil sob pena de causar nova explosão. Ele ameaçou divulgar nas mídias digitais que a rede de supermercados estaria sendo alvo de bombas em razão de ter emprestado dinheiro de uma organização criminosa e não efetuado o pagamento. A intenção era fazer com que o supermercado perdesse clientes e que agentes policiais interditassem as lojas, causando prejuízo financeiro, apontou o Ministério Público.
Diante da nova ameaça, as lojas da rede foram fechadas e passaram por uma varredura. Na unidade Jardim Tropical foi encontrado um objeto do tipo cilindro de cor preta, com características de artefato explosivo. Após essa constatação, as equipes especializadas da Polícia Civil (GOE) e Polícia Militar (Bope) foram acionadas para inutilizar o instrumento.
Rodrigo de Oliveira foi identificado pela Polícia Civil pelo rastreamento do telefone celular e imagens de câmeras de segurança. Segundo apurado pela polícia, ele possuía mais de 15 anos de experiência no manuseio de explosivos e, desde outubro de 2022, estava articulando o plano, com a compra de equipamentos, confecção dos artefatos e escolha da empresa vítima.
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