Uma equipe da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) deverá se deslocar até o município de Juruena (880 quilômetros de Cuiabá) para para realizar perícia na Fazenda Amanda, propriedade de 3,2 mil hectares que está inserida numa área de reserva legal e foi invadida por grileiros que promovem a extração ilegal de madeira e demais crimes ambientais. Desde janeiro deste ano, quando foi invadida por 40 homens, ela é ocupada irregularmente, afirma a administradora.
A área de 1,5 mil hectares, que fica próxima ao rio Juruena, vem sendo dividida em lotes e 53 hectares de mata já teriam sido derrubados, conforme a denúncia. As intenções mais prováveis com a ocupação irregular variam do comércio ilegal de madeiras à criação de lotes para serem utilizados em futuras transações comerciais.
Integrantes da Força Nacional de Segurança realizaram diligências na área quase um mês após a invasão, depois de denúncia feita pela administradora junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). Armas de fogo e equipamentos como motosserras foram apreendidos, mas os invasores continuam nas terras pois na ocasião não havia decisão judicial para garantir a reintegração de posse. Pelo menos 2 fazendas na região Noroeste do Estado foram invadidas desde o início do ano. A região concentra a maior área de Floresta Amazônica de Mato Grosso.
"Estas pessoas estão ameaçando de matar o meu funcionário, estou sendo obrigada a mantê-lo fora da fazenda, assim como tratores e equipamentos. Tenho um cronograma de plantio de floresta e não estou conseguindo operacionalizá-lo", ressalta a administradora. Na fazenda existe em andamento dois projetos de cultivo de Teca, que ocupam uma área de 881 hectares. O restante da propriedade é conservado como reserva legal, na qual está implantado um projeto de manejo florestal, aprovado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), num espaço de 1,5 mil hectares – onde se encontram os grileiros.
Após o incidente envolvendo a Força Nacional Beatriz realizou outra denúncia sobre a situação junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) que, por sua vez, a encaminhou para a Dema. De acordo com o coronel da Polícia Militar, Wilson Batista, que é o ouvidor da Sema, após confecção do boletim de ocorrência e formalização do pedido de reintegração de posse, casos desse tipo passam ainda pela análise do Comitê de Conflito Agrário de Mato Grosso, envolvendo Casa Civil e Militar, além da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Somente depois do trâmite é que alguma providência é tomada.
Outras invasões – Em fevereiro deste ano a fazenda São Nicolau, em Cotriguaçu (944 quilômetros de Cuiabá), sede dos Projetos Poço de Carbono Florestal Peugeot-ONF e Plataforma Experimental para a Gestão dos Territórios Rurais da Amazônia Legal (PETRA), que há 16 anos realiza pesquisas científicas, também foi invadida. A propriedade é atravessada pela MT 208, que liga os municípios de Cotriguaçu e Alta Floresta, sendo bastante visada por grileiros.