Uma grande erosão derrubou boa parte da encosta do Teles Pires, levou uma grande quantidade de árvores para água e assustou um grupo de pescadores que passavam pelo trecho. O local fica na região da praia do Cortado.“Acabamos de passar aqui, não tinha isso aqui não. O mato todo caído, meu Deus”, disse um dos integrantes do grupo. “Caiu mais de 100 metros de barranco, olha lá”, conversam entre eles.
O professor do curso de Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Marcos dos Santos, explicou que “esse é um fato anormal para o Teles Pires, que é um rio que não tem tanta profundidade nessa região. Esse fato de deslizar uma área tão grande é mais para rios como Amazonas, que são grandes, rio Madeira com grande profundidade. Onde à margem desce, é encharcada o solo, se torna saturado e o efeito de gravidade acaba cedendo e isso desmorona para dentro do rio.
Para Santos, a situação no “Teles Pires é novo, acontece de desmoronar, mas são pequenos blocos, algo de poucos metros de solo. É algo de se considerar pelo encharcamento do lago da usina”.
O professor afirmou ainda que o desmoronamento acelera o assoreamento do rio. “Esse fato é natural em pequenos blocos, mas esse de desmoronar tudo, isso já é uma ação acelerada pela atividade humana, uma ação antrópica que acelerou o processo de erosão de margem. O reservatório de água do local acelerou o processo. Impacta no processo de assoreamento, se antes tinha uma quantidade de areia, de solo, madeira agora está se acelerando e com agravante. Agora não tem mais força para transportar isso. Antes o material era levado para dentro da calha fluvial, a própria força da água conseguia transportar isso rio abaixo e ia distribuindo ao longo do seu canal. Agora perdeu velocidade em 100% em alguns locais e causa assoreamento. Chegando próximo à barragem pode levar consequência na geração de energia”.