O governo federal terá um prazo até o final de agosto para inserir a reestruturação da carreira dos policiais rodoviários federais na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, antes que seja deflagrada greve em Mato Grosso e outros estados. “O estado de greve aprovado na segunda-feira vem para mostrar que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está pronta para entrar em greve, caso as negociações não caminhem de forma condizente com o proposto pela categoria”, afirmou o comandante da 6ª Delegacia da PRF, Felipe Dias Mesquita.
Segundo Felipe, na última negociação, ainda em 2009, o governo propôs um reajuste de 15% para a categoria, divididos em três anos. A proposta foi rejeitada inicialmente pelos trabalhadores, porém, o Executivo teria se comprometido a reestruturar a carreira do policial rodoviário, exigindo, a partir de então, o ensino superior como pré-requisito para ingresso e não mais o ensino médio, como era anteriormente. “Passamos a ser carreira típica do Estado. Acontece que, dentre todas as carreiras, temos o menor salario. A gente quer que o governo cumpra o que prometeu”, destacou Mesquita.
O comandante da delegacia também explicou que os serviços não serão totalmente paralisados caso seja deflagrada a greve. “A PRF está enquadrada como serviço especial. Não pode parar totalmente. Dentro desta características, a federação nacional, junto com os sindicatos estaduais, vai definir o que é plausível deixar de ser feito e o que é obrigatório continuar. Será de acordo com as negociações. Sem forem proveitosas, e haver um entendimento de que estão caminhando para algo plausível, acredito que não teremos greve. Caso a categoria entenda que não a negociação não está sendo justa para o trabalho que a PRF desenvolve, podemos decidir, em assembleia de ponto, pela paralisação”.
Conforme Só Notícias já informou, os policiais rodoviários federais de Mato Grosso aprovaram o estado de greve esta semana e a previsão é que a categoria participe do movimento nacional já iniciado nas regiões sul e sudeste.
A categoria também busca receber benefícios como adicionais noturno e de insalubridade, que foram unificados à remuneração dos agentes. Além disso, a lei 12.855 de 2013, que prevê o pagamento de indenização por atuação em fronteira, ainda não foi aplicada.
Atualmente, a PRF Mato Grosso conta com apenas 350 agentes, que atuam em regime de escala nos 16 postos e 11 regiões de fronteiras. O número, já considerado insuficiente por se tratar de uma região de conflito, sofreu um corte nos últimos anos. Em 2011, o efetivo era de 460 policiais. Hoje, são cerca de 350, devido a concessão de aposentadorias, remoções para outros estados e fechamento de dois postos em Mato Grosso. Devido ao baixo efetivo, há postos que contam com apenas um agente, longe do ideal que seriam seis.