Um ano e quatro meses após chacina que deixou 9 mortos por disputa de terra, Colniza (1.065 quilômetros de Cuiabá) corre risco de ter uma nova tragédia. A denúncia é do Ministério Público do Estado (MPE), que notificou o Estado pedindo providências e fazendo alerta de um conflito armado. A Promotoria de Justiça de Colniza encaminhou ofício ao governo do Estado relatando que a Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), com aproximadamente 46 mil alqueires, vem sofrendo invasões desde o ano 2000. De acordo com MPE, após a reintegração de posse em 2017, as ameaças se intensificaram e uma invasão de grupo armado para tomar as terras à força está na iminência de acontecer.
O delegado de Colniza, Edson Pick diz que o conflito por terras é constante na região já que apenas 20% das terras têm escrituras. No caso da fazenda Magali, o conflito, segundo ele, ocorre entre grileiros, uma família de político e a dona da terra. Mas, da chacina no município, até o momento, não há muita alteração no cenário que há décadas impera, que são os conflitos agrários.
A denúncia da possível tragédia foi levada ao MPE por um grupo de pessoas esta semana. Conforme um dos declarantes, atualmente a Fazenda Agropecuária Bauru conta com 10 seguranças armados, que nas últimas semanas vêm sofrendo ataques rotineiros, com disparos de tiros. Informações relatadas ao MPE são que o movimento de invasão marcou hoje (7) uma reunião para discutir os detalhes da ocupação, com a participação de mais de 200 pessoas. “Os elementos colhidos pelo termo de declaração, aliado a áudios de whatsapp encaminhados, bem como as demais informações de conhecimento deste Parquet, indicam que não deve a ameaça de invasão ser ignorada”, confirmou MP.
Foram oficiados o governador do Estado, o secretário de Segurança Pública, o delegado de Polícia Civil e a Polícia Militar de Colniza, solicitando a adoção de providências para impedir o conflito armado entre os invasores e os seguranças armados da Fazenda Magali.
A chacina em Colniza que deixou 9 mortos ocorreu na Gleba de Taquaraçu do Norte, em 19 de abril de 2017. Segundo denúncia do Ministério Público, as mortes foram motivadas pela extração de recursos naturais na área. Valdelir João de Souza, o “Polaco”, é apontado como mandante. Pedro Ramos Nogueira, o “Doca”, Paulo Neves Nogueira, Ronaldo Dalmoneck, o “Sula” e Moisés Ferreira de Souza, “sargento Moisés”, respondem como executores.