O governo federal deve definir até o fim do ano se adere a um projeto de inclusão digital, de proposta pedagógica, apresentado no Brasil há cerca de dois meses por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), o chamado “laptop de US$ 100”. A informação é do assessor especial da Presidência da República César Alvarez.
A idéia do projeto é viabilizar tecnológica e financeiramente a produção de computadores portáteis (laptops) numa escala que faça o preço baixar para algo em torno de US$ 100 (cerca de R$ 240, pelo câmbio atual) e que rode programas educacionais, inclusive com transmissão de imagem.
Pesquisadores brasileiros já fizeram uma visita ao instituto norte-americano para conhecer melhor o projeto, também apresentado a outros países em desenvolvimento. Para o pessoal do MIT, o Brasil teria que produzir, inicialmente, dois milhões de laptops, sendo a metade destinada às escolas brasileiras e a outra metade para exportação.
Há duas condições para participar do projeto. Os laptops não podem ser comercializados e têm que rodar no sistema operacional não-proprietário. Até novembro, o MIT apresenta seu protótipo final de computador portátil econômico.
Paralelamente aos estudos de elaboração do protótipo, pesquisadores brasileiros foram contratados pelo governo para estudar a viabilidade técnica de produzir um laptop dentro de condições técnicas e pedagógicas preconizadas pelos idealizadores do projeto. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão de fomento do ministério da Ciência e Tecnologia, vai financiar os estudos de três instituições especializadas na temática: a Fundação Certi, de Santa Catarina, o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológicos da Universidade de São Paulo e o Centro de Pesquisas Renato Archer, de Campinas.
“Tem muitas questões em aberto. Falta definir ainda o modelo de negócio”, observa Alvarez, ao citar a sugestão do MIT de que se tenha uma organização não-governamental no gerenciamento do projeto. “É um projeto inovador, mas merece um aprofundamento, principalmente quanto à questão pedagógica. Os professores têm que ser treinados para serem repassadores da tecnologia, os aplicativos têm que ser construídos de acordo com a realidade brasileira, e ainda precisamos definir como será a produção e a distribuição”, avalia.