O governador Pedro Taques (PSDB) manteve a demissão do investigador da Polícia Civil, Kleber Ferraz Albuês, acusado de assassinar e ocultar o cadáver do músico sinopense, Thiago Festa Figueiredo, em dezembro de 2011, em Cuiabá. Em julho, Taques havia instaurado uma revisão do processo administrativo, atendendo a uma solicitação da Ouvidoria Geral, que manifestou “indignação” pelo fato do suspeito ter retomado seu cargo, no final do ano passado, por decisão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf. Kleber havia sido demitido quatro meses antes.
Taques concluiu que o ato governamental assinado por seu antecessor, que recolocou o investigador no cargo “padece de vício insanável, impossível de convalidação, haja vista, que não estavam presentes os requisitos legais para se proceder a revisão do processo administrativo disciplinar”. O atual governador deixou claro ainda que, agora, atende a uma recomendação da Procuradoria Geral do Estado (PGE), ao optar por não readmitir o investigador nas fileiras da Polícia Civil.
Conforme Só Notícias já informou, o ex-governador não deu detalhes sobre o motivo pelo qual Kleber foi readmitido como servidor público, uma vez que foi alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado pela Corregedoria e a demissão foi a punição apontada ao final do processo. Logo após ter sido afastado, em julho de 2014, o investigador havia feito um pedido de reconsideração, negado pelo próprio Silval.
No processo criminal onde responde pela morte e ocultação de cadáver do músico, o policial é acusado de ter privado a vítima de sua liberdade, mediante sequestro. O meio utilizado seria através de internação em casa de saúde destinada a tratamento de desintoxicação, sem qualquer autorização familiar ou consentimento da própria vítima.
Na denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) consta que Thiago, que residia em Sinop, estava de passagem por Cuiabá à caminho de São Paulo, onde deveria passar as férias com a mãe. No entanto, "foi rendido e coagido (supostamente pelo investigador, que estaria armado) a dirigir até a clínica de desintoxicação, de propriedade de um parente do policial".
Na clínica foi preparado um coquetel com as substâncias Levomepromazina, Clorpromizina e Prometazina. O policial é suspeito de trancar o músico em um quarto e o obrigar a tomar a medicação. O corpo foi encontrado no dia seguinte. O investigador é acusado ainda de transportar o corpo de Thiago até a Estrada da Guia – região do Bandeira, em Cuiabá, e o abandonar no local. Com o policial, a perícia teria encontrado também um documento de identificação e o carro da vítima, um Fiat Strada.
Segundo as investigações, os extratos bancários de Thiago apontam que ele fez um saque de R$ 5 mil um dia antes de morrer. Os cartões de banco bem como os pertences do músico nunca foram encontrados. O policial acusado de envolvimento na morte de Figueiredo é o mesmo que registrou a ocorrência e isolou o local onde o corpo foi encontrado, até a chegada da perícia, no dia do crime.