Mais de mil pessoas retomaram a extração ilegal de ouro na Serra da Borda, localizada em Pontes e Lacerda (443 quilômetros de Cuiabá). De acordo com a prefeitura, a movimentação é a mesma encontrada há três meses, quando existiam cerca de cinco mil garimpeiros atuando no local. Comércio, prostituição e até mesmo tráfico de drogas acontecem na serra, que dessa vez está ocupada por pessoas, na maioria, dos estados de Rondônia e Acre.
Instituições de segurança pública estadual e federal já estariam articulando uma possível ação de desocupação. Um pedido de reforço da Força Nacional já foi feito ao Governo Federal, mas até o momento não houve um posicionamento da União por parte da solicitação.
No dia 10 de novembro, a Polícia Federal anunciou que o garimpo ilegal existente em Pontes e Lacerda havia sido totalmente desocupado, após a deflagração da operação “Terra do Nunca”, a qual contou com a participação das polícias Rodoviária Federal (PRF), Civil, Militar, Grupo de Operações Especiais da Fronteira (Gefron) e o Corpo de Bombeiros. Na época, a saída da região aconteceu pacificamente, porém em forma de protesto cerca de 200 garimpeiros fecharam por três dias o km 289, da BR-174, rodovia que dá acesso à cidade. Eles também deixaram o local após a intervenção da Tropa de Choque.
Coordenador de Comunicação da Prefeitura de Pontes e Lacerda, Gilmar de Souza, informou que o clima é de tensão na Serra da Borda. “Eles voltaram para o topo da serra e a maioria está armada. Tentamos entrar no local, mas eles não deixaram e chegaram a quebrar o celular de um dos técnicos que estava em nossa equipe”. Os garimpeiros chegaram também a avisar que qualquer pessoa ou equipe de imprensa que se aproximasse do local teria a entrada barrada e os equipamentos quebrados.
Souza informou ainda que apesar da maioria das pessoas que estão na serra ser de outros estados, moradores de Pontes e Lacerda também estão retornando ao local. “A cidade está parada, muitas pessoas deixaram seus serviços e foram para lá. O comércio voltou a aquecer já que estão comprando marteletes e gerador para trabalhar. Porém, dessa vez o prefeito preferiu não intervir, já que os garimpeiros disseram não se interessar em explorar o local por meio de cooperativa”.
Desde que houve a desocupação da Serra da Borda, em Pontes e Lacerda, no dia 10 de novembro, forças policiais continuaram a realizar rondas nas vias que dão acesso ao local. Porém, segundo a prefeitura do Município, o patrulhamento foi suspendido 15 dias depois. Mas, antes mesmo disso, alguns garimpeiros já estariam se deslocando para a serra, no período da madrugada e retornando para a cidade antes dos policiais retomarem as atividades.
Inspetor da PRF, em Pontes e Lacerda, Ailton Antônio da Silva disse já estar acompanhando a situação na Serra da Borda, porém até o momento não há um plano de desocupação definido. “Estamos mantendo contato com a Polícia Federal e a Militar, esta última é que tem acompanhado o caso mais de perto. É certo que em breve uma ação será realizada para conter a permanência dos garimpeiros lá. Porém, o efetivo disponível é baixo e será necessário um reforço”. Silva acrescenta que a solicitação para que a Força Nacional atue no caso já foi encaminhada à Brasília. “Estamos aguardando uma resposta, que esperamos ser positiva”.
Diante da informação do retorno de garimpeiros à Serra da Borda, o juiz Mauro César Garcia, da 1ª Vara da Justiça Federal de Cáceres, solicitou que sejam levantadas provas a cerca da situação para que caso confirmado, medidas judiciais sejam tomadas o mais breve possível.
Entramos em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que informou que apenas a Polícia Federal poderia se pronunciar, uma vez que é responsável pelo caso. Mas que a pasta afirmou que as forças de segurança pública do Estado estão prontas para apoiar a ação da PF no cumprimento da ordem judicial.
A assessoria de comunicação da PF disse não conseguir confirmar a situação, pois o delegado Jesse James Rodrigues Freire, responsável pelo caso, não foi encontrado para se pronunciar. Porém, a instituição garante que caso o garimpo tenha sido retomado, novas ações deverão ser planejadas para que o local seja definitivamente desocupado.