O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) já se prepara para investigar de onde surgiu a fortuna de Olímpio José Alves, milionário falecido em 2005 que teria confessado uma divida na Justiça em Várzea Grande em janeiro deste ano de 2010, que levou a advogados a sacar cerca de R$ 8,8 milhões da conta da Justiça.
O caso que tem diversas informações desencontradas, como uma divida superior a R$ 1,648 bilhão e mais de R$ 100 milhões sendo metade em dinheiro e metade em bens imóveis em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo pode se tornar mais um escândalo no Judiciário.
"Existe algo de estranho e como o procurador-geral de Justiça, Marcelo Ferra, já requereu informações, queremos aprofundar e promover investigações através da quebra de sigilo fiscal, bancário, telefônico entre outros", disse o coordenador do Gaeco, procurador Paulo Prado, lembrando que a questão está sob segredo de Justiça, mas é necessário se investigar para verificar a origem dos recursos que podem estar sendo manipulados pelo crime organizado.
Paulo Prado apontou que o receio é que estejam utilizando o nome do falecido e contas correntes para lavagem de dinheiro pelo crime organizado ou por organizações como o Primeiro Comando da Capital (PCC). "É plausível que o dinheiro tenha sido depositado na conta dele, após ele ter falecido, esquentado para depois em ações de execução de divida, a Justiça induzida a erro tenha determinado o sequestro dos valores", explicou.
O que preocupa os membros do Ministério Público não é apenas os motivos que levaram a Justiça a liberar os recursos, mas sim a origem deles por os advogados, Jair Alberto Carmona, inventariante por dois anos do espólio do falecido e Valter de Andrade Ribeiro, defensor de herdeiros em entrevista informaram desconhecer que Olímpio José Alves tivesse vultuosas somas de dinheiro e bens que poderiam atingir ao montante de R$ 100 milhões, que de uma hora para outra passou a ser disputado por supostos parentes, como ex-esposas ou companheiras que inclusive teriam apensado no processo de partilha dos bens certidões com indícios de fraude.
Enquanto o Ministério Público toma conhecimento das questões e sugere a tomada de providências, o corregedor-geral do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Ornellas de Almeida assinala que está cobrando agilidade na apuração dos fatos e voltou a prometer que haverá punições desde que fique comprovado que houve dolo ou má fé, do contrário, se o magistrado foi induzido a erro as punições serão contra os advogados que promoveram a ação em sede de Justiça.
O juiz Marcos José de Siqueira assinalou que somente após prestar informações a Corregedoria de Justiça do TJMT iria se pronunciar a respeito do caso