Mesmo após de várias rodadas de conversas e negociações que quase resultaram em um acordo, os funcionários da Companhia de Águas do Brasil (CAB) Cuiabá, decidiram cruzar os braços a partir de hoje. Toda a negociação relativa ao plano de saúde que deveria ser estendido também aos dependentes dos trabalhadores para agradar os dois lados foi suspensa, porque segundo os sindicalistas a empresa resolveu retirar as horas extras dos servidores que trabalham no setor administrativo e transformar em bancos de horas. Na prática a empresa condicionou o benefício do plano de saúde para todos com a retirada das horas extras de um setor que tem entre 150 e 200 trabalhadores.
"Eles estavam dando com uma mão e retirando com a outra e por isso radicalizamos e entramos em greve", afirma Ideueno Fernandes de Souza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de Cuiabá (Sintaesa). A empresa, de acordo com Ideueno, não concedeu ganho real para os funcionários propondo repor apenas o percentual da inflação do período, cerca de 7,4%. "Só aceitaram repor a inflação para quem ganha té R$ 5 mil enquanto os servidores que ganham mais de R$ 5 mil receberiam só 6,4% de reajuste, ou seja, aumento que nem repõe a inflação", afirmou o sindicalista.
Uma audiência foi realizada hoje no Tribunal Regional do Trabalho, mas de acordo com Souza, foi para informar à Justiça que o percentual de funcionários que devem trabalhar durante a greve está sendo cumprido. Já a CAB alegou à Justiça que a decisão não está sendo respeitada pelos grevistas, mas o sindicalista rebateu e garantiu que estão sim cumprindo a decisão proferida pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT), desembargador Tarcísio Valente no dia 21 deste mês.
Na decisão, o magistrado obrigou o sindicato a manter o mínimo de 60% dos empregados trabalhando para atender os serviços de tratamento e distribuição de água e outros 30% nas atividades de atendimento ao público, faturamento, leitura e arrecadação. "Estamos cumprindo com um número bem maior de funcionários do que o determinado pela Justiça. Nas estações de tratamento e distribuição de água estamos com 100% dos funcionários trabalhando, porque só 60% comprometeria os trabalhos e informamos isso para a Justiça durante a audiência", garantiu Ideueno.
Nos setores admistrativo, comercial, de leitura, corte e religação 30% dos funcionários estão trabalhando, informou o presidente do Sintaesa. Conforme Ideueno, a CAB Cuiabá tem 550 funcionários dos quais mais de 200 são de 3 empresas terceirizadas. Deste total, cerca de 250 aderiram à greve enquanto o restante continua trabalhando para cumprir a decisão judicial. Ele justifica a greve afirmando que "não adianta a empresa dar aqui e retirar ali", pois todo o setor admistrativo precisaria deixar de receber horas extras e passar a acumular horas para receber folga quando a empresa pudesse dar. E em contrapartida, o plano de saúde seria estendido a todos os trabalhadores com determinados percentuais de desconto para quem ganha abaixo de R$ 1,3 mil. Tudo dependeria de quantos dependente o trabalhador iria colocar no plano.
A próxima audiência entre o Sintaesa e a CAB está marcada para esta sexta-feira (31), às 14h, no TRT. O encontro será intermediado pelo Ministério Público do Trabalho e por um magistrado do TRT.