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Fumaça preta sai novamente do Vaticano. Novo papa ainda não foi escolhido

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O segundo dia do conclave começou sem acordo entre os cardeais para a escolha do sucessor de Karol Josef Wojtyla, o papa João Paulo 2º. As duas primeiras votações realizadas na manhã desta terça-feira foram malsucedidas.

Às 11h49 de Roma (6h49 do Brasil), pela segunda vez a chaminé colocada no telhado da capela Sistina eliminou fumaça preta, obtida da queima dos votos, sinal de que ninguém conquistou os dois terços dos votos dos 115 cardeais-eleitores necessários para se tornar papa.

Já foram três os escrutínios feitos desde ontem, quando começou o conclave, a reunião dos cardeais convocada com o objetivo de definir o 265º papa.
Max Rossi/Reuters

Mais uma vez, houve incerteza inicialmente sobre a cor da fumaça, dúvida que aumentou quando os sinos da basílica tocaram para anunciar as 12 horas. Houve correria nas ruas próximas ao Vaticano.

Centenas de pessoas voltaram, então, à praça São Pedro, mas o tom da fumaça negra que deixava a chaminé já era inconfundível.

Com os olhos voltados mais uma vez para o alto, milhares de católicos, turistas e curiosos foram embora frustrados. Exibindo bandeiras de países com cardeais na lista de papáveis, muitos esperavam ansiosos a escolha de um novo papa na praça São Pedro desde as primeiras horas da manhã.

O comerciante romano Franco Grasso chegou à praça são Pedro às 10 horas (5h de Brasília), apostando em ver o desfecho da votação. Ele disse que estava na praça São Pedro, em 16 de outubro de 1978, quando a fumaça branca anunciou o início do papado de Karol Wojtyla.

“Imaginei que teria a mesma sorte porque parece que os cardeais se reuniram muitas vezes antes do conclave. Agora, terei de ver a fumaça pela televisão, pois tenho de trabalhar no resto da semana”, afirmou.

Mais conformada estava a freira mexicana Sofia Godinez. Ela promete voltar à praça São Pedro no final da tarde desta terça-feira. “Sabia que seria difícil ter uma definição agora. Eles [cardeais] tiveram um dia cansativo”, avaliou.

Na tarde desta terça-feira, os cardeais podem fazer até mais duas votações. Existe a possibilidade de o resultado da primeira delas ser conhecido por volta das 17h30 de Roma (12h30 de Brasília), caso haja um papa eleito.

Cerca de uma hora e meia depois, ao final da quinta votação, é assegurada a comunicação entre a capela Sistina e o resto do mundo. Se o fracasso voltar a se repetir, haverá fumaça preta. Na hipótese de conclusão do processo eleitoral, a fumaça branca e os sinos da basílica de São Pedro anunciarão a escolha de um novo líder para a Igreja Católica.

Se não houver um candidato que agregue o total necessário dos votos até a noite desta quarta-feira, os cardeais tirarão a quinta-feira para descansar e fazer orações (na quinta-feira). Eles retomam as votações na sexta-feira (22).

Iniciado na tarde da segunda-feira, o processo de escolha do novo papa pode passar de 18 dias, data em que expira o tempo máximo de vacância da Santa Sé, de 35 dias [Karol Wojtyla morreu em 2 de abril].

De acordo com as novas regras, após 30 votações [nas quais o candidato deve alcançar dois terços dos votos], o camerlengo [líder interino do Vaticano] pode mudar o sistema, optando pela escolha por maioria simples, no caso de apenas os dois mais votados nas sessões anteriores disputarem o cargo. O conclave termina quando o novo sumo pontífice concorda com sua eleição.

A expectativa dos vaticanistas, no entanto, é que o conclave termine até esta quarta-feira, antes da pausa para repouso e orações. Marco Politi, do “La Repubblica”, diz que os escrutínios desta terça devem servir para fortalecer as alianças e os apoios entre os cardeais-eleitores.

“Não é, obviamente, possível estabelecer em quanto tempo ocorrerá um consenso, mas não se pode excluir que as votações de amanhã podem ser decisivas”, disse. Já o vaticanista Luigi Accattoli, do “Corriere della Sera”, aborda a possibilidade de o sucessor do papa João Paulo 2º ser conhecido ainda nesta terça-feira.

“É possível, de fato, que o novo papa chegue hoje. Ao longo desta terça-feira estão previstos quatro escrutínios, com os quais já serão cinco, junto do primeiro de ontem, e a história recente diz que três papas foram eleitos neste curto tempo: Pacelli (Pio 12) 3, Luciani (João Paulo 1º) 4, Montini (Paulo 6º)”, disse Accattoli.

Os vaticanistas aproveitaram ainda para especular sobre os bastidores da primeira votação, realizada nesta segunda-feira. Para Accattoli, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, decano do Colégio de Cardeais, e Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, podem ter polarizado a disputa.

“Ambos devem ter sido votados no escrutínio da noite desta segunda-feira. Ninguém pode dizer o que aconteceu, mas as vozes da vigília davam vantagem para Ratzinger e, votado por um bom grupo também, Martini. São duas candidaturas simbólicas, ou de bandeira, não para fazê-los papas contra as suas vontades [manifestadas antes do conclave], mas para uma verificação de orientações”, escreveu.

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