O período de proibição das queimadas foi adiantado e estendido em Mato Grosso, mas a medida mostrou-se insuficiente para conter o avanço do fogo no Estado, um dos que mais sofreu com os incêndios em todo o território brasileiro. Seus três biomas – Amazônia, Cerrado e Pantanal – registraram em conjunto um aumento de 45% em número de focos de calor de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano passado.
Foram 39,9 mil focos de calor, enquanto 2019 contabilizou 27,5 mil pontos. Do total de focos neste ano, 83% (33,1 mil focos) ocorreu no período proibitivo – de julho a setembro, época da seca quando os riscos de incêndios florestais são acentuados pela vulnerabilidade da vegetação.
No Pantanal, bioma proporcionalmente mais afetado, 95% dos focos de calor ocorreram no período de proibição. Dos 11,2 mil pontos de calor nos sete meses, 10,7 mil aconteceram entre julho e setembro.
Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram compilados pelo Monitor de Queimadas do Instituto Centro de Vida (ICV), ferramenta interativa que realizou monitoramento e caracterização dos registros de queimadas no estado no período de proibição. Os mais de 11 mil focos de calor no bioma em Mato Grosso representam 62% de todo o contabilizado no Pantanal brasileiro, que no período de sete meses registrou 18,2 mil pontos, o maior número da série histórica de dados do Inpe desde 1998.
Também simbolizaram um aumento de 905% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a porção mato-grossense do bioma contabilizou 1,1 mil focos. Uma das causas foi a seca severa sofrida pela região. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostram que registros de chuva no bioma tiveram uma redução de 50% em relação à média histórica. Um dos principais indicadores da forte estiagem é o rio Paraguai, que atingiu o nível mais baixo desde os anos 1960.