A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT), “em apoio ao agro brasileiro”, também emitiu uma nota contrária a determinadas questões aplicadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. O exame foi aplicado no último domingo (5), e, segundo a entidade, algumas perguntas “demonstraram claramente viés ideológico em suas composições”.
“De forma equivocada, as questões 89, 70 e 71 foram mal formuladas e tratam o setor de forma depreciativa. A questão 71, por exemplo, alerta sobre o avanço da cultura da soja na região amazônica e, por consequência, a retomada do desmatamento, responsabilizando grileiros, madeireiros e pecuaristas. Conforme o gabarito divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), a resposta que melhor explica o problema é a ‘apropriação de terras devolutas, por esses agentes’. A resposta é incorreta, pois demonstra ausência de conhecimento e embasamentos relacionados às cadeias produtivas do agronegócio”, afirmou a Fecomércio.
A entidade lembrou ainda que Mato Grosso lidera a produção agropecuária do país e, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os produtores são responsáveis por preservar 43,6% do território do estado, que ainda detém 15,4% de terras indígenas e 5,5% por unidades de conservação, o que totaliza 64,5% do solo estadual preservado. “Apenas 32,7% do solo de Mato Grosso é destinado ao uso agropecuário, sendo 19,8% para pastagens e 12,9% para agricultura. Ou seja, o maior produtor do país possui cerca de 65% do seu solo preservado”.
“Para o comércio, o agro é de extrema importância, pois movimenta a economia e viabiliza a abertura de novos negócios. Infelizmente, o setor vem sendo duramente criticado e as questões que constam no Enem 2023 colaboram ainda mais para esse cenário. Por isso, assim como as entidades diretamente afetadas pelo ocorrido, a Fecomércio-MT solicita a anulação dessas questões e aguarda um posicionamento do governo federal, uma vez que apresentam tão somente cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico”, concluiu a federação.
Ontem, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) divulgou manifesto criticando o Ministério da Educação pelas “questões ideológicas na última prova do Enem”. Para a entidade, “é um completo absurdo elaborar questões que não servem para avaliar conhecimento, mas sim para acusar, sem fundamento, toda a agropecuária nacional. Um desejo de incutir na cabeça dos jovens teorias esquerdistas totalmente desvinculadas da realidade, com textos desatualizados, comprovadamente falsos, já desmistificados por órgãos oficiais de pesquisa como Embrapa e NASA, provando que não há nenhuma alternativa correta para as questões colocadas, a não ser aquelas que os organizadores escolheram como a mais ofensiva”.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também emitiu nota e afirmou que a aguarda “posicionamento urgente do governo federal brasileiro sobre questões de cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico dispostas no Exame Nacional do Ensino Médio”. A FPA ainda diz na nota que o “ENEM é um exame de avaliação do conhecimento. As perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista. Anulação já!”.
O comunicado ainda enumera cinco pontos, além de requerer “convocação do Ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara dos Deputados e Senado Federal; requerimento de informação ao ministério da Educação sobre a banca organizadora do ENEM 2023 e referências bibliográficas utilizadas para a construção do exame e anulação das questões 89, 70 e 71 do ENEM 2023”, acrescentou.
Por fim, a FPA ainda cita dados oficiais como a movimentação da cadeia produtiva, superávit de empregos e a sustentabilidade brasileira.