Por medo de voltar para casa, a família do vendedor ambulante Gilson Silva Alves, 33, assassinado em uma operação da Polícia Civil, continua em Cáceres (225 km a oeste em Cuiabá), onde o corpo da vítima foi enterrado. Os parentes do rapaz contestam a versão oficial contada para justificar a morte e voltaram a garantir que os policiais chegaram correndo e com a arma em punho. "Essa história não existe. Não houve troca de tiros, a esposa dele viu tudo e pediu para não matarem o marido. Como ele poderia ter disparado contra alguém? O corpo dele parecia uma peneira de tanta bala", relata um familiar que não quis ter o nome divulgado.
Gilson foi morto na segunda-feira (23) em um matagal próximo ao Posto 2006, na Rodovia dos Imigrantes, onde tomava refrigerante em companhia da esposa Joseane Carlos Santos, 32. No mesmo dia também morreram os investigadores Edson Leite, 47, e João Osni Guimarães, 62, conhecido como João Caveira, em um acidente de carro, após a abordagem do vendedor.
Informações da Polícia Civil são que Edson Leite e o colega Maxwel José Pereira, 36, procuravam um assaltante de carretas, procurado em 3 estados, e confundiram Gilson com o criminoso. João Caveira estava no posto abastecendo o veículo.
Para a família, a história apresentada pela Polícia foi a forma encontrada para justificar a ação criminosa dos investigadores, que chegaram ao local com intuito de vingar o fato de Gilson ter batido em um familiar de João Caveira, que assaltou a casa da vítima dias antes.
O parente de Gilson destaca que é "muita coincidência" a vítima ser confundida com um assaltante e morta justamente depois de ter agredido o adolescente, de quem todos têm medo no bairro São Mateus, por causa do parentesco com João Caveira.
Joseane era dependente do marido e a família adianta que vai acionar o Estado para garantir o sustento da mulher e dos 2 filhos, de 7 e 11 anos. "Ela está todos esses dias sem comer nada".