O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu em seu relatório final que “falha do motor em voo” provocou a queda do avião modelo Neiva EMB-201 A, em uma floresta no distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (200 km de Sinop), em 2018, onde estava o piloto Maicon Semencio Esteves, à época com 27 anos. No histórico de voo consta que “aeronave decolou do Aeródromo de Confresa, com destino ao Aeródromo de Matupá (Nortão), por volta das 15h, a fim de realizar um voo de translado, com um piloto a bordo. Com cerca de uma hora e meia de voo, durante a fase de cruzeiro, o motor perdeu potência e a aeronave caiu”. O piloto sobreviveu após dias sozinho na mata.
O relatório ainda aponta que “o piloto estava com o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) e com as habilitações de Avião Monomotor Terrestre e Piloto Agrícola – Avião (PAGA) válidas. Ele possuía experiência no tipo de voo. A aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade cancelado e vencido desde setembro de 2010. Não foi possível determinar se a aeronave estava dentro dos limites de peso e balanceamento. As escriturações das cadernetas de célula, motor e hélice não estavam atualizadas. Segundo o relato de observadores, as condições meteorológicas eram propícias à realização do voo”.
Consta ainda no documento que, “ a respeito de a aeronave estar com o Certificado de Aeronavegabilidade cancelado, foi relatado que ela estava realizando um voo visual de traslado, sem plano de voo e sem a utilização de equipamento rádio. O destino final da viagem seria a região Noroeste de Mato Grosso, onde seria realizada uma campanha de pulverização em lavouras. A aeronave decolou com os tanques de combustível das asas cheios e com alguns galões de álcool combustível depositados no hopper, os quais seriam usados pelo piloto para reabastecer a aeronave. Não foi possível determinar qual era o peso e a situação do balanceamento da aeronave no momento da decolagem, nem no momento da ocorrência”. Foi relatado que o piloto estava usando cintos, suspensórios e macacão de voo. Esses equipamentos minimizaram as suas lesões.
O investigador encarregado tomou conhecimento do evento somente no dia seguinte após a ocorrência, por meio da Polícia Militar. No momento da ocorrência, a aeronave não estava aeronavegável, pois a sua IAM estava vencida. Esse fato denotou que o voo estava sendo realizado com níveis de segurança abaixo dos mínimos aceitáveis estabelecidos pelo Estado Brasileiro. Por esse motivo, não foram realizados testes ou pesquisas no motor ou em qualquer outro equipamento de bordo, sendo a investigação interrompida efetuando-se apenas o levantamento dos dados factuais, aponta o relatório.
Conforme Só Notícias já informou, Maycon foi encontrado após ficar três dias e meio na floresta, estava deitado às margens de um rio (cerca de 1,5 km mata dentro), debilitado, com algumas queimaduras no braço e no rosto devido ao fogo que destruiu praticamente todo o avião.