A causa do segundo tremor de terra deste ano, ocorrido no último dia 20, em Porto dos Gaúchos, Juara e Tabaporã (180 km de Sinop) é a mesma das anteriores: uma falha geológica ativa ao Sul de Tabaporã, que se movimenta de tempos em tempos. Este foi o segundo tremor do ano e chegou a 4,3 graus na Escala Richter e o epicentro foi em Porto dos Gaúchos. O primeiro deste ano foi no dia 23 de março com intensidade de 4,7 graus na mesma escala. Os especialistas continuam estudando as causas dos tremores de terra no Nortão. “”Não esperávamos dois tremores num curto espaço. A zona sismogênica na região é bastante e pode gerar terremotos maiores. É evidente que podem continuar ocorrendo terremotos nesta região. Não podemos prever se serão maiores ou menores em relação aos que já ocorreram”, explicou, em entrevista exclusiva, ao Só Notícias, o professor Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório de Sismologia da UNB -Universidade de Brasília-.
Os professores e técnicos em sismologia estão aprofundando cada vez mais as pesquisas nestas três cidades, especialmente em Porto dos Gaúchos. O observatório já instalou uma estação sismográfica permanente com registrador digital (que grava em fita DAT) e sensor de banda lagra, que capta o movimento do chão nas três direções ( (Norte-Sul, Leste-Oeste e vertical). Estes dados estão sendo enviados pelo Correio e devem chegar no OBSIS nos próximos dias.
O Observatório de Sismologia vai reforçar sua estrutura na região Norte para acompanhar mais intensivamente os tremores de terra. “Devemores colocar uma estação via satélite possibilitando que os dados sejam encaminhados em tempo real, após qualquer sismo, para o OBSIS em Brasília. Vamos monitorar a região em tempo real e compreender mais detalhadamente estes acontecimentos, as forças geológicas que causam estres tremores na região”, acrescentou Lucas Barros. A estação deve ser implantada ano que vem no mesmo local onde hoje já estão os equipamentos que monitoram os tremores.
Essa região apresenta uma história sísmica bem conhecida: de 10 de março de 1998 (quando ocorreu o sismo de magnitude 5,1) a 15 de dezembro de 2003, estudos realizados por meio de uma rede sismográfica local de até nove estações, identificaram uma falha geológica ativa de 7 km de extensão, a qual foi responsável pela ocorrência de mais de 3.000 sismos, 30 dos quais com magnitude superior a 3,5. Foi nesta região que já foi registrado o maior de terra ocorrido no Brasil, em 31 de janeiro de 1955, quando tudo era uma imensa florestal e que foi de 6,6 graus nab Escala Richeter.
Lucas Barros disse que não há motivos para pânico na população. “Já estivemos em Porto Gaúchos, Juara e Tabaporã após os outros tremores. Felizmente, não houve vítimas, embora em algumas casas e demais construções tenham sido registradas rachaduras em consequência dos tremores. Aconselhamos que nesta região as casas devem ser construídas com normas mínimas de engenharia para evitar eventuais danos. Futuramente, poderemos fazer algumas projeções e prestar algumas orientações e sugestões em outras áreas”, admitiu o professor.