Geladeira, máquina de lavar, fogão e demais eletrodomésticos, guarda-roupa velho, sofá e outros itens residenciais, bicicleta e outros brinquedos descartados, garrafas de refrigerante, sacolas de supermercado e variados tipos de plástico, “cacarecos” de modo geral, chupeta, pé de chinelo, pedaços de coisas, objetos diversos. Tudo isso foi retirado às margens e no leito do rio Cuiabá, na capital e em Várzea Grande, em mutirão no último sábado (24). Ao todo, 1,5 mil voluntários, preocupados com a situação do principal manancial local, recolheram 30 toneladas de lixo das 7h ao meio dia.
“Maior parte de todo este lixo é jogada no chão pelos moradores ou pela janela dos veículos. Com as chuvas, cai nas bocas de lobo e deságua no rio”, explica o publicitário ambientalista Jean Peliciari, do projeto Teoria Verde, que participou do mutirão. “Se a gente não recolhe, tudo isso vai parar no Pantanal”, alerta o ambientalista. “Por isso, nosso lema é: lixo no chão não!”
Esta foi a 2ª ação dos “Amigos do rio Cuiabá”, uma iniciativa do deputado estadual Wancley Carvalho (PV), inspirada no que ele vê acontecer há 18 anos, em Pontes e Lacerda (448 km a oeste de Cuiabá). A iniciativa de lá é em favor do rio Guaporé. “No início também retiraram muito lixo, mas, com o tempo, vai amenizando”, acredita o deputado, que é lacerdense. “O que me impressiona aqui, primeiramente, é a falta de cuidado com o rio Cuiabá. São muitos bolsões de lixo bem no nosso nariz e algumas situações impactam a gente, como a cena de pescadores pescando no meio da sujeira, esgoto, isso é uma vergonha. Não foram eles que sujaram, mas são vítimas deste problema e o peixe gostoso que a gente come vem também desses locais. Então, é preciso refletir sobre isso”.
Para o parlamentar, a responsabilidade é, em parte, do poder público e também dos mato-grossenses, que deveriam aprender a lição deixada pelos japoneses na Copa do Mundo de 2014. “Depois do jogo (na Arena Pantanal), recolheram o lixo e descartaram em local adequado, este foi o maior legado do mundial, na minha opinião”.
Questionado se na Grande Cuiabá as duas cidades têm lixeiras nas ruas e campanhas educativas frequentes para ajudar os cidadãos a mudar de comportamento, o parlamentar afirma que não. “Mas isso não é desculpa para ninguém”, rebate.
Mais de 60 entidades apoiam o mutirão, que tem a intenção de marcar o mês do meio ambiente e expor esta situação caótica que pode transformar o Cuiabá em manancial morto.