O Observatório da Prevenção e da Erradicação do Trabalho Infantil aponta que, em Mato Grosso, 3.199 acidentes de trabalho aconteceram com crianças e adolescentes entre 2007 e 2018. Os números chamam a atenção daqueles que atuam na prevenção ao trabalho infantil e reforçam a importância do enfrentamento à prática. Valdiney Antonio de Arruda, coordenador do projeto de Combate ao Trabalho Infantil no Estado, avalia que os números são muito altos. “São os acidentes notificados dentro do mercado de trabalho formalizado”, aponta.
Nesse sentido, não há a contabilização das ocorrências dentro do contexto informal, indicando a subnotificação.O Ministério Público do Trabalho (MPT) também avalia negativamente os dados. Procuradora do trabalho, Ludmila Pereira Araújo explica que o Brasil se comprometeu a erradicar o trabalho infantil até 2020. Porém, a realidade demonstra que isso está longe de concretizar. Ainda é muito forte a aceitação da prática, apesar das ações de repressão realizadas tanto pelo MPT, quanto por outros órgãos da rede de proteção.
“É preciso conscientizar, argumentar e desconstruir essa ideia equivocada de que trabalho infantil é bom, além de outros mitos relacionados ao tema”, destaca.Para a conscientização, a procuradora aponta as campanhas feitas pelos centros de assistência social, especializados (Creas) ou de referência (Cras), ou conselhos tutelares e outros atores. Araújo destaca ainda o projeto desenvolvido nas escolas, junto com os professores e crianças, o chamado MPT na escola. Os alunos e os profissionais da educação recebem os esclarecimentos sobre os mitos e verdades relacionados ao trabalho infantil.