O juiz da 5ª Vara Federal de Cuiabá, Jeferson Schneider, marcou para amanhã o primeiro interrogatório em mais um processo resultado da Operação Ararath que investiga crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro tendo o ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes (PMDB), como um dos réus. Trata-se da ação penal oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) e recebida pela Justiça Federal no dia 2 de outubro após a conclusão do inquérito número 0445/2014, um dos 14 instaurados no curso da operação. No polo passivo (réu), também está o empresário José Geraldo de Sabóia Campos. Acredita-se que ele será o primeiro interrogado.
A defesa de Eder Moraes afirma que ele ainda não foi notificado, mas já tem conhecimento do processo e vai se inteirar do teor. Contudo, de antemão, o advogado Ronan de Oliveira já adiantou alguns pontos sobre a estratégia a ser adotada. Entre elas, vai arrolar para depor como testemunhas, o delator do esquema, o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, conhecido como Júnior Mendonça, e sua ex-esposa, a colunista social Kharina Nogueira que também “sabe muita coisa” sobre as atividades ilícitas do ex.
O principal objetivo da defesa é anular o termo de delação premiada de Júnior Mendonça. Ele revelou ao MPF e à Polícia Federal, detalhes de como funcionava o esquema que se valia de empréstimos ilegais junto às suas empresas Globo Fomento Mercantil e Comercial Amazônia Petróleo. Também eram utilizados empréstimos feitos no Bic Banco Mato Grosso, motivo pelo qual o superintendente regional da instituição, Luís Carlos Cuzziol, também é réu em outro processo relacionado à Ararath.
Até o momento, já foram finalizados 3 inquéritos que resultaram no oferecimento de 3 denúncias, todas acatadas sendo que o primeiro processo foi desmembrado dando origem a mais uma ação penal. Eder é réu nos 4 sendo que 2 já estão na fase final próximos de receber sentenças. Por outro lado, as outras 2 ações ainda estão na fase inicial. Nelas, completam a lista de réus os empresários Rodolfo Aurélio Borges de Campos, dono da construtora Encomind Engenharia e José Sabóia.
“Temos como estratégia, trazê-los [Júnior Mendonça e Kharina Nogueira] para dentro do processo como testemunhas e ai solicitar as devidas explicações no sentido de que a defesa vai trabalhar para derrubar a delação premiada”, disse o Advogado Ronan de Oliveira explicando que ambos conhecem os fatos e podem ajudar a esclarecer.
A não divulgação dos detalhes no andamento processual, bem como o teor da denuncia, sob a alegação de segredo de justiça, impede um melhor entendimento sobre as acusações que pesam, principalmente, contra o empresário José Geraldo de Sabóia Campos. Advogados que atuam no caso não comentam o teor dos documentos e nem das oitivas.