Escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal indicam que o diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso esteve em Cuiabá (MT) no último dia 14 para negociar o dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, com Luiz Antônio Vedoin – apontado como chefe da máfia dos sanguessugas.
Afonso Veloso pediu nesta quarta-feira afastamento do cargo que ocupava no banco, após publicação de reportagem do jornal O Estado de S.Paulo afirmando que ele teria envolvimento direto no caso do dossiê.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, as escutas da PF também sugerem que Vedoin teria recebido contato de um emissário do PSDB, supostamente interessado na compra das informações envolvendo Serra e outros tucanos. Em uma das gravações, também realizada em 14 de setembro, uma pessoa não-identificada liga para Luiz Vedoin e diz que “Abel” queria falar com o empresário. Naquele dia, o dono da Planam concedeu entrevista à revista IstoÉ na qual afirma que, no esquema dos sanguessugas, “Abel falava em nome do ministro Barjas (o ex-ministro da Saúde Barjas Negri, sucessor de Serra na pasta) e se tornou o principal operador no Ministério da Saúde a partir do segundo semestre de 2002”.
O Abel citado na matéria é Abel Pereira, empresário ligado ao PSDB. As gravações também mostram pelo menos 18 conversas naquele dia entre Vedoin e o empresário petista Valdebran Padilha, negociando a entrega do dossiê. Valdebran foi preso na sexta-feira passada, em São Paulo, com o advogado Gedimar Passos. Ambos tinham R$ 1,7 milhão que, segundo Gedimar, serviria para o PT pagar pelos documentos e bancar entrevista de Vedoin e do pai, Darci, para uma revista de circulação nacional.
As gravações que apontariam o suposto envolvimento do diretor do BB Expedito Afonso Veloso mostram uma ligação de Luiz Vedoin, após conversas com Valdebran no dia 14, para uma pessoa não-identificada que a polícia suspeita ser Veloso. Na ligação, Vedoin diz à pessoa para esperá-lo “na frente do aeroporto”, que seria o aerporto de Cuiabá.
A reportagem ligou para o número, e a ligação caiu na caixa posta de uma pessoa que se identifica como “Expedito Berrador”. No início do ano, Veloso distribui um boletim chamado “O Berrador”, comparando dados entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.