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Designer sinopense lançará livro contando reconstrução da face de Maria Madalena

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O designer sinopense Cícero Moraes, em parceria com o professor cearense e estudioso de relíquias católicas, José Luis Lira, lançará um livro contando o processo de reconstrução facial da santa Maria Madalena, revelado ao mundo no último domingo. “Vamos apresentar também um pouco da história dela. O lançamento em Sinop está previsto para o final de agosto. Serão impressas, inicialmente, 500 cópias e o dinheiro arrecadado será utilizado para custear outros projetos”, explicou Moraes, ao Só Notícias.

Cícero também destacou os obstáculos que a equipe, composta também pelo especialista em Odontologia Legal, Paulo Miamoto, de Santos (SP), teve que superar para conseguir concluir o projeto. “Recebemos poucas informações volumétricas do crânio. Então, esta foi uma dificuldade técnica. Fora isso, o mais difícil também foi conseguir lidar com as pessoas. Algumas não gostaram da ideia. Outras acharam que a gente ganhou muito dinheiro, quando, na verdade, tivemos que investir no projeto. O importante é que isso não nos abala. Quando criticam a parte profissional, a gente entende como algo construtivo, mas recebemos alguns e-mails falando muito mal da Maria Madalena. Coisas bem feias e sem fundamento”, afirmou.

Para o designer, o projeto trouxe a oportunidade para conhecer mais sobre a história da santa católica. “Me chamou a atenção a forma como ela foi injustiçada por um preconceito dos homens. Ela foi, na verdade, uma grande guerreira. Esteve ao lado de Jesus durante a crucificação e foi a primeira a vê-lo ressuscitado. Apesar de tudo isso, ela permaneceu com alcunha de adúltera ou prostituta, quando não há nenhum trecho da bíblia que confirme isso. Estas pessoas não reconhecem a luta das mulheres”.

Um dos primeiros exemplares impressos do livro, em língua portuguesa e ainda sem as imagens finais da reconstrução, foi entregue ao papa Francisco, no Vaticano. Este, segundo Cícero, respondeu com uma carta, na qual agradecia o presente e prometia fazer uma oração pela equipe. “Encaramos como um reconhecimento do trabalho, até porque já tínhamos o aval do bispo francês para iniciar o projeto. Então, o Vaticano sabia da reconstrução. Algumas pessoas não aceitaram a imagem e não sabemos se ela será usada oficialmente nas paróquias. Tudo bem. Nosso trabalho, como cientistas, era revelar o rosto”.

A face reconstituída de Madalena tem 92% de fidelidade volumétrica, considerado pelos cientistas como “muito aproximado” do que realmente era o rosto da santa. “Fizemos dezenas de reconstruções com pessoas vivas e o resultado foi bastante compatível. Não significa que o rosto de Madalena era exatamente assim, mas é uma imagem muito próxima”, detalhou.

O próximo passo, a partir de agora, além do lançamento do livro sobre a santa, é o lançamento de um e-book (livro digital), com técnicas de reconstrução facial para iniciantes. Além disso, Cícero e Miamoto trabalham para revelar ao mundo o rosto de três santos católicos peruanos: San Martinho de Porres, Santa Rosa de Lima e San Juan de Macias. A previsão é que o projeto seja finalizado até o final de agosto.

Cícero nasceu em Chapecó, porém, mora em Sinop desde 1987. Ex-aluno da escola Nilza de Oliveira, onde estudou por seis anos, o designer é, na verdade, formado em Marketing e faz, atualmente, pós-graduação em Metologia do Ensino Superior. O trabalho que trouxe reconhecimento nacional, no entanto, surgiu de uma maneira inusitada. “Eu já aplicava os conhecimentos em 3D, primeiro como estudante de Arquitetura e, depois, como acadêmico de publicidade. Porém, em 2011, fui assaltado e levaram um computador com um filme curta metragem que eu havia recém produzido. Fiquei um tempo deprimido e precisava de algo para estudar. Decidi comprar um livro sobre reconstrução facial. Começou assim”.

Em 2012, o então designer iniciante começou as primeiras reconstruções faciais. O reconhecimento não demorou a surgir. “Em 2013 já ganhei alguns prêmios na área e então decidi continuar”, explicou, revelando ainda que pretende seguir na profissão. “Já estou seguindo carreira, até porque, atualmente, é o meu ‘ganha pão’”, complementou. 

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