O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) por unanimidade negou apelação no Ministério Público Federal e, por maioria, vencida em partes com votos favoráveis dos desembargadores Ney de Barros Bello Filho — relator do processo — e Maria Rita de Oliveira de Almeida com pedido de vistas e voto contrário da desembargadora Mônica Jacqueline Sifuentes concederam redução de pena para Paulo Jones da Cruz Flores. Com isso, caiu de 82 para 18 anos e 2 meses a condenação por tráfico internacional de drogas.
Cruz Flores segue na penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira (Ferrugem), mas deverá ocorrer a liberação nos próximos dias assim que for feita a comunicação e confecção dos acórdãos. Procurado por Só Notícias, os advogados de defesa Rogério Pereira e Jeferson Fugihara informaram que não se manifestarão sobre o mérito do julgamento. No entanto, ressaltaram que vão “recorrer da condenação remanescente”.
Ele foi preso em 2014 e condenado por tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa durante operação Veraneio, da Polícia Federal, que desarticulou uma quadrilha que transportava cocaína da Colômbia e Venezuela, com destino a Honduras e México. A base logística do grupo era em Sinop.
A organização criminosa comandada por Paulo e outros empresários brasileiros eram responsável pelo transporte de cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras, onde toneladas eram entregues aos cartéis mexicanos, por meio de aviões.
Conforme a denúncia, eram pagos até US$ 400 mil de propina a oficiais de alta patente do exército venezuelano na compra de códigos de identificação do controle aéreo para que não fossem abatidos. Propinas a hondurenhos também foram citadas. A quantidade de entorpecente variava de 700 quilos a 2,5 toneladas. Em aparte, os aviões eram carregados com a droga trazida pelas Farc, da Colômbia.
De acordo com o Estado de São Paulo, segundo relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração começou com a vigilância de dois empresários brasileiros. Consta que em uma das conversas, Paulo Flores, destacava o andamento dos trâmites para o transporte da droga. Os aviões partiam de cidades do interior paulista de Sinop, São Felix do Araguaia (TO) e Bacabal (MA).
Conforme a reportagem, as investigações, que começaram em 2012, já haviam resultado na apreensão do helicóptero de uma empresa, de um senador mineiro em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína. Na operação em Sinop, em 2014, foi apontado que a cidade funcionava a ‘base logística’ com os aviões sendo preparados, em um aeródromo, e levados ao exterior.
A Polícia Federal calcula que o grupo sinopense faturava em torno de R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões/mês. O dinheiro voltava para o Brasil via doleiros e laranjas e os suspeitos compravam imóveis na cidade mato-grossense. Na época, foram apreendidos R$ 13 milhões (reais, dólares, euros), além de joias e automóveis.