Ambientalistas, estudantes e membros de organizações sociais de Cuiabá realizaram, neste sábado (17), um protesto contra a instalação e construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingú, próximo à cidade de Altamira (PA). A movimentação cuiabana integrou uma iniciativa nacional, que aconteceu também em outros 8 estados brasileiros. Denominado "Dia de Luta Contra Belo Monte", a iniciativa é de realização da entidade nacional Comitê Xingu Vivo. Na Capital, os manifestantes pintaram cartazes e faixas, fizeram passeata, distribuíram panfletos e exibiram vídeos sobre os prejuízos que a usina trará para a população ribeirinha e indígena que vive nas proximidades do local onde poderá ser construída a central.
A intenção maior do movimento era informar a população sobre os crimes socioambientais que estão sendo realizados contra os povos da Amazônia. De acordo com os dados federais, a usina ficará entre as 3 maiores unidades já construídas do mundo. Ao todo serão investidos R$ 30 bilhões e deverão ser gerados 11,2 mil megawatts. O fato é que estudos realizados comprovam que a região onde a usina será instalada compreende apenas uma geração de 4,5 mil megawatts, quantidade duas vezes menor que o divulgado. "Hoje é um dia de conscientização. As pessoas precisam saber o que é Belo Monte e entender o que está acontecendo com o nosso país", disse a representante do Comitê Popular em Defesa do Meio Ambiente, Inara Fonseca.
Segundo a pesquisadora ambiental da Universidade de São Paulo, Suzana Lourenço, a construção de usinas faz parte de um projeto nacional e que a sequência de construções destas unidades gera influência direta no meio ambiente de forma nacional. "É uma sequência de influências geradas pelas usinas que acabam causando um impacto agregado". Para Mariana Freitas, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a manifestação em Cuiabá contra a construção da Belo Monte vai além. Segundo ela, é preciso levar em conta as consequências que serão geradas e não pensar apenas no desenvolvimento desenfreado. "São questões que preocupam todos. São valores que precisam ser defendidos".
Conforme as pesquisas de entidades ambientais, 40 mil pessoas serão desalojadas da região, entre elas estão 21 comunidades quilombolas e 30 terras indígenas. A desapropriação destes grupos deverá acontecer, pois 640 quilômetros quadrados serão alagados com a construção da hidrelétrica. Por estas razões, cerca de 12 ações tramitam na Justiça Federal contra a implantação do projeto.
Questionado sobre revogação de uma liminar que determinava a imediata paralisação das obras de construção da Belo Monte, no leito do rio Xingu, concedida na sexta-feira (16) pela Justiça Federal do Pará, o professor de História e incentivador da luta em Cuiabá, Raphael Nogueira, informou que o fato figura como descaso dos governantes em relação ao que a população reivindica. "O meio ambiente é um só. Se tem uma alteração na Amazônia, isso terá interferência mundial".