Desde agosto do ano passado, quando foram implantados os equipamentos de fiscalização eletrônica em 25 pontos distintos de Cuiabá, até julho deste ano, houve uma redução média acumulada de 75% no número de acidentes no trânsito da capital, que possui uma frota de 390 mil veículos (carros, motos, caminhões, ônibus).
Embora o número de infrações registradas de outubro de 2014 a maio de 2015 tenha chegado a 179.288, com algumas variações para cima ou para baixo nos meses levantados, os dados gerais apresentados nesta sexta-feira pela Secretaria de Mobilidade Urbana indicam que as lombadas eletrônicas, radares fixos e avanços semafóricos instalados produzem um efeito inibidor nos motoristas que evitam infringir a legislação.
“A presença da fiscalização eletrônica inibe, porque em agosto e setembro estava na fase de campanha educativa. Ainda assim a sensação de que posso ser multado, e de que estou sendo vigiado, levou o condutor a uma reflexão, que era importante adotar uma postura defensiva no trânsito, e isso contribuiu para esta redução”, disse o secretário Thiago França, durante a apresentação dos números levantados pela Semob. O secretário anunciou, também, que até o final de setembro, serão instalados mais 21 equipamentos, e em 70 dias mais 30 câmeras de monitoramento.
Um exemplo claro dos efeitos da fiscalização pode ser observado na Avenida Mato Grosso, próximo à Escola Estadual Presidente Médici, onde foram instaladas duas lombadas eletrônicas. Nesta via a redução dos acidentes no período foi de 31% comparando 2013 (67 acidentes) com 2014 (46 acidentes).
O levantamento comparou os períodos de agosto de 2014 a dezembro de 2014 com o mesmo período de 2013 que apresentou uma redução de 27% no número de acidentes. Foi feita outra comparação no período de janeiro a julho de 2014, quando não havia a fiscalização, e de janeiro a julho de 2015 e a redução apontada foi de 48%. “Os números são satisfatórios porque estamos entrando no nono mês do ano e a tendência é fechar os números de 2015 com os números reduzidos”.
A fiscalização eletrônica começou a ser adotada no país em 1992 e Cuiabá foi uma das últimas capitais a adotar o sistema. A instalação dos equipamentos na atual gestão obedece a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela gestão do prefeito Chico Galindo com o Ministério Público. Por problemas decorrentes da falta de aferição dos equipamentos, o uso dos equipamentos ficou suspenso na Capital por aproximadamente dez anos, período em que os acidentes cresceram 25%.
Estudos mostram que um veículo trafegando a 60 km por hora tem o risco de produzir um acidente; na velocidade de 60 a 65 km/dobra o risco; a 75 km/hora o risco cresce seis vezes; e um carro trafegando a 80 km/hora é de 18 vezes; e a 85 km/hora é de 34 vezes. O mesmo estudo aponta que uma pessoa atropelada por um veículo a 30 km pode sobreviver, mas dificilmente escapa da morte se for atropelada por um carro a 50 km por hora. “Na medida em que a velocidade aumenta, aumenta o risco de acidentes”, alerta Thiago França.
Durante a apresentação, o secretário disse que os números ajudam a desmistificar a ideia de que existe uma indústria da multa. Para o secretário, o que existe é uma indústria de infração. Ele contou que em um encontro realizado em Santos (SP), foi apresentado um estudo que mostrou que todas as multas aplicadas pelos agentes de Trânsito espalhados pelo país, não alcançavam nem um por cento das infrações cometidas pelos motoristas brasileiros.
“A multa não é uma fonte de receita, não é classificada como um imposto ou taxa. É uma penalidade administrativa por causa de alguma violação de regra de trânsito. Se eu transgrido a lei de trânsito, é claro que serei multado, quem dá o motivo para ser multado é o condutor. É uma questão comportamental, que pode mudar com o motorista adotando uma postura responsável”, afirmou Thiago França, que defendeu também uma melhor preparação dos motoristas pelas escolas de formação de condutores.
O respeito à sinalização de trânsito e a mudança de comportamento do motorista em decorrência da instalação dos equipamentos eletrônicos repercutiram também na redução do atendimento de vítimas de acidentes. Em 2012, foram atendidos no Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá 6.524 pessoas. Este número caiu para 4.910 em 2014 e para 1.237 em 2015, faltando ainda quatro meses para acabar o ano.
“Estes dados vêm corroborar o que dizem os especialistas, de que estes equipamentos são indispensáveis para combater a epidemia de acidentes de trânsito. Contribuem para reduzir o número de acidentes, com mortos e feridos e o impacto na saúde pública. Vem somar junto com a nossa equipe de fiscalização no combate à violência no trânsito, nos ajudando a alcançar a premissa maior, de que sempre foi salvar vidas”, finalizou Thiago França.