Considerada a unidade prisional de "maior segurança" de Mato Grosso e atualmente com mais de dois mil presos, a Penitenciária Central do Estado (PCE) não dispõe de bloqueadores de sinal de celulares, o que beneficia presidiários que conseguem ter acesso a aparelhos de última geração e assim ficam em contato direto com pessoas de qualquer parte do mundo através da internet.
Pelo menos é esta a situação do presidiário Anderson Couto de Araújo, 26 anos, que cumpre pena de 16 anos e 4 meses de prisão na PCE, por participação em um homicídio, mas no mês de março vinha atualizando seu perfil no Facebook com frequência e conversando com seus colegas da rede social que estão do lado de fora da unidade prisional. Nas imagens postadas em seu perfil, o preso fazia questão de se exibir ao lado de outros colegas de cela, como se estivesse mostrando seu dia a dia dentro da cadeia.
Em algumas fotografias ele aparece fumando um cigarro, em outras jogando videogame com outros presidiários. Nas fotos, ele se exibe nos corredores da unidade, nas celas e também no pátio do presídio. Em algumas, ele ainda faz pose para a fotografia. Após a publicação na imprensa o perfil do presidiário foi desativado do Facebook. O Ministério Público Estadual (MPE) já foi informado sobre as "mordomias" do preso que usa a rede social, via celular, de dentro da cadeia e deverá abrir investigação através da Promotoria que atua na Vara de Execuções Penais. Embora esse não seja um fato isolado com a mesma natureza registrado em unidades prisionais de Mato Grosso.
A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) que administra o sistema prisional mato-grossense já tem conhecimento do fato. Por meio da assessora de imprensa, a pasta informou que tomou conhecimento das postagens no Facebook feitas pelo preso, por meio da gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário.
A assessoria disse que as denúncias chegaram até a Sejudh no mês de março. Mas questionada sobre quais as providências tomadas desde então no sentido de realizar revistas para localizar o equipamento usado pelo presidiário para atualizar seu perfil, a assessoria se limitou a esclarecer que as revistas são feitas nas celas "rotineiramente". Ela não soube informar quantos celulares foram apreendidos na PCE em 2013 e nem se o equipamento usado por Anderson foi recolhido e de que forma chegou até ele dentro da cadeia.
Pelas fotografias publicadas na rede social é possível observar postagens e atualizações nos dias 4, 6, 9, 14 e 24 de março deste ano. O preso utilizava um celular para publicar as fotos, fazer comentários e interagir com outros usuários que curtiam e comentavam as postagens. Alguns dos posts eram feitos em tom de deboche referindo-se ao monitoramento realizado pelos agentes prisionais.
Veja a nota da secretaria sobre o caso
A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos esclarece que tomou conhecimento das postagens feitas pelo reeducando Anderson Couto de Araújo na rede social Facebook por meio da gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário. Ciente do fato à época, demandou à direção da Penitenciária Central do Estado (PCE), providências no sentido de intensificar os procedimentos de revista e identificar todos os reeducandos que aparecem nas imagens com o intuito de instaurar procedimento disciplinar em desfavor dos envolvidos.
Na oportunidade, informa ainda que se encontram em andamento os estudos para licitação da tecnologia de bloqueio do sinal de celulares nas penitenciárias, como também, a instituição das revistas por cães farejadores treinados para identificação de drogas e celulares. No ano passado, durante os trabalhos de revistas às celas da PCE foram apreendidos 443 aparelhos celulares.