As sete estações de tratamento de água da Sanecap, em Cuiabá, apresentam irregularidades em relação ao sistema de cloração da água. As fragilidades abrangem não apenas questões relacionadas à manutenção, como também o manuseio dos cilindros. Os operadores das estações também não estão capacitados para atuar caso ocorram eventuais vazamentos do gás cloro. O alerta partiu da Defesa Civil, nesta segunda-feira, durante audiência pública promovida pelo Ministério Público Estadual para discutir o saneamento na Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.
O titular da Procuradoria Especializada de Defesa do Meio Ambiente e da Ordem Urbanística, procurador de Justiça Luiz Alberto Esteves Scaloppe, disse que tomou conhecimento oficialmente do problema durante a audiência pública e que adotará as providências necessárias que o caso requer. O procurador de Justiça também reclamou da pouca participação das autoridades no debate promovido pelo MPE. "Mandamos ofícios, convites, para alguns fizemos até visitas com o objetivo de garantir a participação maciça neste importante debate. No entanto, infelizmente parece que os gestores não estão se importando muito sobre isso", desabafou.
Durante a reunião, a professora da Universidade Federal de Mato Grosso, Eliane Rondon, apresentou um estudo sobre o sanEamento na bacia do Rio Cuiabá. Destacou que saneamento não diz respeito somente à distribuição de água, mas envolve resíduos sólidos, água, esgoto e drenagem. "Todos esses componentes estão ligados e a competência para administrar tudo isso é da União, Estados e municípios", afirmou.
A professora cobrou ainda uma maior participação do Poder Executivo Estadual no que se refere ao saneamento. "O Estado precisa ocupar o seu papel de articulador e gestor. Não pode simplesmente virar as costas para o problema", criticou. Segundo ela, a região metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e seu entorno corresponde a 40% da população de Mato Grosso.
Durante a reunião pública, o promotor de Justiça que atua na Defesa do Meio Ambiente e da Ordem Urbanística de Cuiabá, Gerson Barbosa, apresentou um levantamento sobre as ações desenvolvidas no âmbito de sua Promotoria de Justiça. Entre as ações destacadas, estão o TAC para apresentação de projeto de plano integrado para gestão sustentável dos resíduos da construção civil e resíduos volumosos em Cuiabá; TAC para recuperação da área atualmente utilizada como aterro sanitário, a elaboração de estudo de impacto ambiental para o novo aterro; Ação Civil Pública para recuperação de Área de Preservação Permanente no Ribeirão do Lipa em virtude da destinação de resíduos sólidos; entre outras.
Também participaram das discussões os promotores de Justiça que atuam na Defesa do Meio Ambiente, Carlos Eduardo Silva, Maria Fernanda Correa da Costa e Ana Luíza Peterlini Souza.