A justiça de Mato Grosso decidiu leiloar um imóvel, na Avenida Beira Rio, adquirido pelo ex-secretário estadual de Administração, César Roberto Zílio, por R$ 13,5 milhões, utilizando propina arrecadada em esquema criminoso investigado na Operação Sodoma. A determinação é da juíza Selma Rosane Santos Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Ela já expediu notificação aos réus na ação penal e concedeu prazo de 5 dias para se manifestarem. Outros 3 lotes em Várzea Grande que pertenciam a Pedro Elias Domingos de Melo, ex-secretário adjunto da SAD, na época de Zílio também serão leiloados. As datas ainda serão marcadas.
A magistrada também determinou a notificação, além de Zilio e Elias, de Samuel Maggi Locks, Nadiana Sucolotti Locks, Gustavo Michels Bongiolo e Henrique Adão Gelaim para que fiquem cientes do sequestro dos imóveis determinados nos autos, bem como das avaliações realizadas. Eles têm ligação com os imóveis que serão vendidos para reverter o valor ao Estado.
Sobrinho do ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), Samuel é também um dos antigos donos do imóvel que foi vendido a Zílio. Na fase de instrução processual, Samuel Maggi foi interrogado pela juíza Selma Arruda em 16 de agosto de 2016 e confirmou a transação financeira. Na época, disse que recebeu R$ 1,3 milhão pela venda, lembrando que, segundo ele, eram 3 pessoas donas do terreno, na condição de sócias.
O leilão foi determinado nos autos de uma ação penal movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) onde consta como ré uma construtora e incorporadora, também notificada sobre o leilão. A decisão de sequestro e averbação dos imóveis foi proferida em 17 de maio de 2016 por Selma Arruda.
Depois de presos, os ex-secretários César Zílio e Pedro Elias fizeram acordos de delação premiada com o Ministério Público e devidamente homologados por Selma Arruda. Ambos confessaram os crimes, detalharam como os esquemas de cobrança de propina eram operados e citaram nomes de vários envolvidos, incluindo o ex-governador Silval Barbosa.
Pelos acordos, Zílio se comprometeu a devolver R$ 1,35 milhão dividido em 5 parcelas de R$ 270 mil. Pedro Elias concordou em devolver R$ 2 milhões para ressarcimento dos cofres públicos, valor correspondente a propina que ele recebeu no esquema desarticulado na Operação Sodoma. Aceitou devolver 7 imóveis adquiridos com dinheiro de propina sendo 2 apartamentos avaliados em R$ 350 mil, 1 sala comercial no edifício Santa Rosa Tower no valor de R$ 250 mil, outra sala comercial de R$ 180 mil no edifício Jardim Cuiabá Office e ainda 3 terrenos situados em Várzea Grande no valor de R$ 60 mil.