Hoje é o terceiro dia de julgamento do empresário Josino Guimarães, acusado de mandar executar o juiz Leopoldino Marques do Amaral, em 1999. Antes do depoimento do empresário, o advogado João Nunes da Cunha Neto, antecipou que o depoimento manteria a versão dada anteriormente, a de que não tinha motivo e não contratou ninguém para matar o juiz. O advogado alegou que laudo emitido no Presídio da Mata Grande, em Rondonópolis diz que Josino tinha problemas psicológicos, inclusive síndrome do pânico, fazendo uso regular de medicamentos. João Nunes da Cunha Neto pediu ao juiz para que determine para promotoria e jurados o cuidado nas perguntas.
•Conheça a página de Só Notícias no Facebook
Após uma pausa, para o almoço, o depoimento do empresário foi retomado. Ele foi interrogado pela defesa. Durante a manhã, o réu respondeu as perguntas da promotoria, chorou e comentou ter sido vítima de tentativa de homicídio dentro da Penitenciária Central do Estado. Ele lembrou que estava preso há 30 dias e o pai foi visitá-lo. Ao entrar na cela, o pai desmaiou. “Nunca vou me esquecer disso. Imagina o que um ser humano passa ao saber que nunca fez nada e paga por isso”.
Josino relatou que houve uma rebelião na Mata Grande 15 dias depois que estava preso. Um bando esfaqueou um rapaz e arrancou a mão da vítima. Na sequência, disseram que ele era o próximo. Depois afirmou que um representante do Ministério Público e um agente federal foram até a cadeia para investigar denúncias de mordomias, mas viu que ele estava no pior lugar da cadeia. O empresário chora novamente e a defesa encerra as perguntas.
O empresário negou conhecer os criminosos citados ontem, no depoimento do superintendente da Polícia Federal, César Augusto Martinez. Ele também disse que foi torturado por agentes da Polícia Federal, à época da primeira prisão. Disse que foi encapuzado, jogado em uma viatura, que os agentes davam tiros para o ar “para simular que iam me matar” e o levaram à sede da PF. Na ocasião, prestou depoimento e foi liberado.
Josino disse que não tinha uma remuneração fixa, mas fazia retiradas e recebia dinheiro do pai e comissões das fábricas quando vendia consórcios. A casa em Chapada dos Guimarães foi construída com cheques emprestados pelo “doutor Odiles” (desembargador Odiles de Freitas Souza). O réu afirmou que recebeu duas ou três folhas porque não tinha talão e o pai estava viajando. A soma era de quase R$ 80 mil. O empresário contou que por intermédio de Odiles conseguiu oferecer consórcios de tratores e vender a juízes e desembargadores, donos de chácaras e fazendas. Os tratores custam entre R$ 50 mil e R$ 300 mil.
Ele desmentiu o depoimento do ex-militar José Jesus de Freitas, que havia afirmado que o empresário teria dado festas suntuosas. Disse que em todos os anos ofereceu apenas um almoço em homenagem a amigos e que neste evento recebeu a modelo Luiza Brunet. Ele disse que conheceu Waldir Piran e que este lhe emprestava dinheiro em várias oportunidades, para compra de carros, viagens, mas que os valores eram pagos. Josino chegou inclusive a vender uma propriedade em Chapada, por R$ 300 mil, mas disse não se lembrar ter tido problemas com a Receita Federal.
Josino reafirmou ter encontrado o sargento Jesus em uma festa de aniversário, da esposa dele. Disse que levou um presente, a pedido do então candidato Júlio Campos e um pacote de adesivos.
Em seu depoimento, Josino disse não ter nada contra ninguém, mas ficou surpreso com algumas coisas que foram ditas. Disse que desde que perdeu a filha, com leucemia, se tornou sistemático e não empresta a casa para desembargadores, como disse José Geraldo Palmeira. A relação com Odiles foi no início comercial, mas a amizade se estreitou. Odiles apresentou Josino a outros desembargadores que tinham interesses em comprar máquinas. Chegou a vender sete consórcios. Odiles foi algumas vezes na casa do Josino e os filhos do desembargador são amigos dos filhos deles. Ele assume ter ido ao TJ, mas para receber por alguns negócios feitos com máquinas.
Venda de sentenças: Ele disse que soube das denúncias por meio da imprensa e que nunca teve contato algum com o Leopoldino. Negou ter visto, tido contato, alguma ligação ou ameaçado o juiz. Conhece a esposa dele (Rosemar), diz ser bem tratado por ela. Encontrou a esposa dele há mais de 30 anos. Nunca teve motivo nenhum para fazer mal a qualquer tipo de pessoa na vida. Nunca andou com seguranças, bandidos ou armas.
Não sabe por que Palmeira disse o que disse. Afirmou que isso talvez fosse birra dele quanto ao TJ. Disse que conheceu Jesus e o encontrou por três vezes. Foi apresentado por intermédio de Waldir Piran. Em Chapada, reencontrou Jesus e cumprimentou de longe. Jesus perguntou sobre os boatos e Josino teria dito que não ligava para isso. Ele pegou sua mãe e voltou para Cuiabá. Sobre Jesus disse não ter convidado ele para casa e não andar com pessoas pegajosas e sanguinárias. O delegado mostrou o depoimento ao sargento e ele não gostou. Na terceira ocasião, levou um presente para a esposa de Jesus, a pedido de Júlio Campos, junto com adesivos. Ficou no local por cerca de 10 minutos.
(Atualizada às 14h58)