Os nove estados que estiveram reunidos, ontem, em Cuiabá para o 10º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal conseguiram reduzir entre os anos de 2006 e 2013 cerca de 9 milhões de hectares em desmatamento ilegal. Esse total corresponde a cerca de 4,2 bilhões de toneladas de gás carbônico que deixaram de ser emitidas para a atmosfera, marca que supera a redução de qualquer país desenvolvido ou em desenvolvimento no mundo. No mercado internacional de REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), essa redução já equivale a pelo menos R$ 40 bilhões em recursos que seriam aplicados na região amazônica como retorno pelo esforço empreendido. O que não inclui as metas futuras até 2020.
Conforme o secretário de Estado de Meio Ambiente do Acre, Carlos Edgard de Deus, secretário-executivo do Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, o Governo do Acre atualmente é pioneiro na experimentação do mercado de REDD+, já recebeu cerca de R$ 30 milhões do banco alemão KfW para investir em ações de redução do desmatamento ilegal. O objetivo é que com esta experiência positiva haja uma linha de financiamento para os demais estados. “É importante ressaltar que as políticas de salvaguardas para implantação do REDD+ garante políticas públicas também para povos tradicionais, quilombolas, populações indígenas, ou seja, é mais que uma questão ambiental.”
Para a secretária de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, Ana Luiza Peterlini, é importante ressaltar o destaque que o Estado apresenta diante dos demais amazônicos, pois conseguiu reduzir nos últimos 10 anos (de 2006 a 2014) 5,2 milhões de hectares do desmatamento ilegal, mais de 50% do total entre os nove estados, o que evitou que 1,9 bilhões de gás carbônico fosse lançado à atmosfera, volume maior que a redução inclusive da maioria dos países que compõe o Anexo I, do protocolo de Kyoto (1997). “Nós já teríamos cerca de R$ 30 bilhões para buscar no mercado de REDD+, o que representam um avanço em todas as áreas do serviço público.”
Ana Luiza frisa por ter o terceiro maior território do país, 903 mil km² de área, fiscalizar, monitorar e implantar políticas públicas em todo Estado para promover proteção e manutenção dos recursos naturais custa caro, por isso a proposta de buscar novas formas de investimento que propiciem o desenvolvimento sustentável da região, tendo como aliado o setor produtivo de grande porte e também a agricultura familiar. “Atualmente essas reduções do desmatamento estão sendo pagas quase que unicamente com orçamento público dos governos estaduais e federal, além de esforços individuais de produtores rurais, comunidades tradicionais e povos indígenas, queremos ampliar esse quadro, atrair mais investidores.”
Consta na 'Carta Cuiabá' ainda a constatação de secretários de Meio Ambiente e governadores da Amazônia Legal do potencial de recebimento por resultados a serem implantados nessa região. Se esses estados conseguirem atingir a meta de redução em 80% no desmatamento até 2020 será possível gerar uma redução de pelo menos 5 bilhões de gás carbônico adicionais, totalizando cerca de R$135 bilhões em recursos até 2020, o que significa 55% da meta nacional de redução de gases do efeito estufa. "Mas para que isso se efetivo o Governo Federal precisa nos ajudar a fortalecer esse sistema e também dar mais autonomia aos estados amazônicos", acrescenta a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso.