Trinta e cinco por cento dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta do Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá estão interditados por falta de equipamentos e defeitos na estrutura física do prédio. Ao todo são 20 vagas, sendo que 7 estão comprometidas. A situação é grave, já que os hospitais particulares credenciados também estão com o setor lotados. Outro problema da unidade é a falta de alimentação enteral, que deixou de ser fornecida aos pacientes desde sábado (12). O produto é dado por meio de sonda e indicado para pessoas vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), perfuração traumática do esôfago, doenças inflamatórias digestivas, queimaduras e câncer.
Conforme informações de servidores, 6 leitos foram desativados em decorrência da falta de um equipamento chamado manguito, que custa cerca de R$ 10 no mercado e pode ser esterilizado e reutilizado. O equipamento é de extrema importância porque é usado no controle da pressão arterial, tornando-se indispensável na UTI.
Os profissionais reclamam também da qualidade do material adquirido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Os manguitos são frágeis e não suportam sequer 1 dia de internação. O fato faz com que eles sejam trocados sempre.
Outro leito está embaixo de uma goteira, causada pela instalação inadequada de um aparelho de ar condicionado. A água cai em sobre a maca, onde ficaria o paciente. A carência de material também acontece no centro cirúrgico. Um produto chamado de Bolsa de Bogotá, usado para cirurgias abdominais está em falta. Os médicos precisam improvisar e usam bolsa de diurese, que também é esterilizada, nos procedimentos.
O presidente do Conselho Regional de Medicina em Mato Grosso, Arlan Azevedo, explica que a falta de material é algo comum no Pronto-Socorro e só amplia o caos da unidade. Ele relata que no ano passado, leitos da UTI infantil foram desativados pela falta de um aspirador de secreções. O preço do material é inferior a R$ 100. Em novembro de 2010, foi divulgada em A Gazeta a falta de remédios analgésicos, antibióticos e sedativos no PS.
Os médicos chegaram a cogitar a interdição do espaço, já que não tinham como prestar os cuidados necessários aos doentes, muitos deles em coma induzido. Azevedo assegura que os médicos ficam sem alternativa e como a maioria das famílias com doentes no local é carente, elas não têm como exigir o direito delas. Na avaliação do presidente do Conselho, a situação é de caos, já que a falta de produtos une-se com a superlotação da unidade hospitalar. Os corredores ficam lotados de pacientes, muitos acomodados em colchões no chão.
O presidente desabafa que todos os dias recebe algum tipo de denúncia de profissionais do PS devido à falta de materiais e estrutura.” Eles usam o improviso para salvar vidas. A condição da saúde no Estado é reflexo da falta de investimentos, que não acompanhou o aumento da população”.