A assessoria da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Serviços Postais divulgou uma nota sobre a paralisação dos trabalhadores, iniciada ontem em Mato Grosso. Segundo a empresa, a greve é parcial e não afeta os atendimentos. “Até o momento, todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram ao movimento paredista, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis”, informa o comunicado.
A empresa ainda ressaltou que colocou em prática o “Plano de Continuidade de Negócios” para minimizar os impactos à população. Segundo a assessoria, o movimento está concentrado na área de distribuição. “Levantamento parcial realizado na manhã de hoje mostra que 93,17% do efetivo total no Brasil estão presentes e trabalhando — o que corresponde a 101.161 empregados, número apurado por meio de sistema eletrônico de presença. Em Mato Grosso, 91,05% do efetivo estão presentes e trabalhando – o que corresponde a 1.363 empregados”.
Ainda conforme a empresa, as negociações com os sindicatos que não aderiram à paralisação ainda estão sendo realizadas esta semana. “Os Correios continuam dispostos a negociar e dialogar com as representações dos trabalhadores na busca de soluções que o momento exige e considera a greve um ato precipitado que desqualifica o processo de negociação e prejudica todo o esforço realizado durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”.
Conforme Só Notícias já informou, os trabalhadores decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado em Mato Grosso. Ontem à noite, foram realizadas assembleias em cinco cidades polos do Estado (Sinop, Alta Floresta, Cuiabá, Cáceres e Rondonópolis). Em todas, os servidores optaram, de forma unânime, por entrar em greve.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais (Sintect), Edmar Leite, apenas 30% dos funcionários da estatal continuarão prestando atendimento. “A gente espera que ocorram reuniões em Brasília e que a empresa recue dos ataques contra a nossa categoria. Também esperamos que o governo recue da ideia da privatização e lance concurso público”.
Edmar detalhou que a categoria cobra também reajuste de remuneração de 8% e R$ 300 de acréscimo linear aos salários. Os trabalhadores ainda são contrários às reformas trabalhista e da Previdência. “A empresa, além de não atender as reivindicações, retira cláusulas do nosso acordo coletivo e direitos dos trabalhadores. Propõe a supressão do concurso público e não recua na retirada de agências em Mato Grosso. Isso tudo faz parte de uma estratégia que visa a privatização”.
A categoria também é contrária à retirada dos serviços de banco postal, que serão encerrados em diversas agências dos Correios em Mato Grosso, a partir do dia 11 de outubro. A medida será aplicada em agências dos municípios de Alto Araguaia, Barra do Garças, Campo Verde, Cuiabá Cuiabá, Dom Aquino, General Carneiro, Jaciara, Juscimeira, Lucas do Rio Verde, Poconé, Primavera do Leste, Rondonópolis, São Jose dos Quatro Marcos, Sinop e Várzea Grande.
De acordo com Edmar, ao final do cronograma de retirada, poucas agências ainda prestarão o serviço no Estado. “Das 137 agências, quase todas terão os serviços retirados. Ao final, permanecerá só três”, informou, ao Só Notícias.
Segundo Edmar, a medida afeta principalmente a população de cidades consideradas pequenas no interior do Estado. “Tem lugar que não tem agência bancária e a empresa integra estes serviços”, afirmou o presidente do sindicato, que ainda fez críticas à diretoria dos Correios. “É uma medida tomada para não se investir em segurança e criar um senso comum de que a empresa pública tem que fechar. Vão criar a ociosidade e, depois, propor o fechamento das agências”.
No total, trabalham nos Correios em Mato Grosso 1.550 profissionais. O sindicato alega que há um déficit no quadro funcional e que a empresa deveria empregar, no mínimo, 2.300 trabalhadores para dar conta da demanda no Estado.