O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso suspendeu a investigação sobre a conduta da tenente Izadora Ledur após ela obter o direito de licença médica por três meses. Ela é acusada pelo crime de tortura resultante na morte do aluno Rodrigo Claro.
A investigação do caso acontece através do Conselho de Justificação dos Bombeiros, que tem prazo de até 45 dias para emitir um relatório. Porém, em cada sessão do conselho é exigida a presença do justificante e, diante da licença de Ledur, a investigação não pode ter prosseguimento.
“É sabido que a tenente Ledur apresentou atestados de licença médica e que a impossibilidade do seu comparecimento às reuniões do Conselho fazem parar a contagem do tempo para o prazo exigido no vigor da sua licença”, diz trecho de nota emitida à imprensa.
Ledur apresentou seis licenças para tratamento de saúde desde a morte de Rodrigo, em novembro de 2016. Somente neste ano foram quatro licenças que totalizaram 5 meses e 7 dias afastada para tratamento médico. A última tem validade de 18 de julho e se encerra no dia 15 de outubro.
Todas essas licenças, segundo a nota, foram validadas pela Perícia Médica da Secretaria de Gestão do Estado o que, automaticamente, obriga o superior a licenciar o servidor no prazo coberto pelo atestado.
“Desta forma, mesmo que conste a decisão do comandante-geral do CBM, a validação da dispensa se dá pela Perícia Médica, cabendo ao administrativo do CBM acatar as consequências administrativas”, disse.
Ainda segundo Corpo de Bombeiros, a morte do Rodrigo causou comoção, porém, “os procedimentos devem ser seguidos, resguardando os prazos legais e os direitos da acusada”.
Conforme denúncia do Ministério Público, Ledur teria ignorado a situação de Rodrigo Claro, que demonstrou, nos treinamentos, dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre, entre outras.
Ledur teria utilizado métodos totalmente reprováveis para “castigar” os alunos do curso que estavam sob sua guarda, inclusive Rodrigo, por ele ter apresentado mau desempenho nas atividades dentro da água.
O jovem vomitou muito, apresentou fortes dores de cabeça e, por mais de uma vez, sofreu crise convulsiva, oriundas dos inúmeros afogamentos sofridos durante a instrução. Ele chegou a ser hospitalizado com um quadro de hemorragia cerebral que evoluiu para morte, após cirurgia e permanência em UTI.
O Ministério Público chegou a pedir a prisão da tenente, o que foi negado pela Justiça. O órgão novamente recorreu e aguarda nova decisão judicial.