O comandante regional do Corpo de Bombeiros de Sinop, tenente coronel Hector Péricles, informou, ao Só Notícias, que será aberto hoje um inquérito militar para investigar as circunstâncias do acidente no qual o trabalhador Edilson Burry, 46 anos, faleceu e dois militares, um brigadista e outros dois funcionários de uma fazenda ficaram feridos. “Quem vai presidir o inquérito será o tenente coronel Ramão Correa Barbosa, comandante regional de Alta Floresta. Ele vai fazer o levantamento de todos os pontos perante o fato que ocorreu. Quando se abre um inquérito é por que há indícios de crime, se for comprovado o militar pode pegar desde prisão ou exclusão do Corpo de Bombeiros”.
Péricles confirmou que seis pessoas estavam na caminhonete da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) que era usada para trabalhos de fiscalização da brigada mista de combate a incêndios. Um bombeiro estava dirigindo, outro bombeiro e três pessoas que trabalhavam na fazenda estavam dentro do veículo e o brigadista que estava na carroceria. “Um dos funcionários veio a óbito no local. O brigadista que está em Colíder teve fraturas na c-5 e c-6 (coluna cervical) terá que operar. Ele será regulado para Sinop. Os dois bombeiros receberam alta. Já os outros dois funcionários da fazenda tinham sido liberados do hospital, mas um deles apresentou dor na coluna e o outro na cabeça e também serão trazidos para Sinop”.
Hector reconheceu a gravidade da situação e diz não ter justificativa para explicar o excesso de passageiros no veículo. “Não tem justificativa de ninguém estar na carroceria. Não tem justificativa de perder uma vida. O pessoal estava na responsabilidade dos bombeiros, capota a caminhoneta e morre pessoa. Qual a justificativa? Não tem. Com meus 29 anos de serviço não tenho justificativa para isso”.
Alexandra Perinoto, uma das proprietárias da fazenda onde os trabalhadores foram detidos, questionou a ação em que as prisões foram realizadas. “O pessoal do Corpo de Bombeiros e o brigadistas chegaram lá e foram bem agressivos com os meninos (funcionários). Pegaram eles trabalhando com as máquinas e colocou eles na caminhonete e estavam levando eles. A área é totalmente legalizada. Não tinha fogo. Um dia antes havia pego fogo e só havia fumaça, não havia nada descontrolado. O rapaz que faleceu não é funcionário nosso. Quando precisamos de algum serviço, ele ajudar fazendo horas nas máquinas. Neste dia do acidente, ele pegou a máquina para fazer um serviço lá na área. O brigadista que foi colocado na carroceria da caminhonete acabou caindo. Quando o condutor do veículo foi olhar pelo retrovisor acabou perdendo controle da direção e acabou capotando”.
A secretária de Meio Ambiente de Marcelândia, Suzana Barbosa, informou, ao Só Notícias, que está acompanhando todos os procedimentos de investigação e apontou que o município apenas auxilia os bombeiros cedendo os brigadistas para averiguar denúncias de foco de incêndio em propriedades da região. “Só teve apenas um brigadista nosso, que se acidentou. Ele foi contratado em agosto. Participou do treinamento do Copo de Bombeiros e foi selecionado para trabalhar. Não somos informados em momento algum sobre os procedimentos feitos pelos bombeiros. Apenas fornecemos acomodações, uniformes, os brigadistas e um caminhão pipa para combater o fogo. Esse é o compromisso do município. O restante das ações é coordenado pelo Estado”.