Enquanto o consumo de drogas ilícitas se mantém estável em todo o mundo, o uso de novas substâncias psicoativas aumentou mais de 50% entre os anos de 2009 e 2012, informa relatório mundial sobre drogas divulgado hoje (26) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Na América Latina, o uso das novas substâncias psicoativas, substâncias manipuladas recentemente ou já existentes mas consumidas de forma diferenciada, ainda é menor que na América do Norte e na Europa.
O Brasil registrou o surgimento de três tipos dessas substâncias em seu mercado, informa o relatório. O documento acrescenta que o consumo no Brasil de substâncias à base de plantas, metanfetaminas, medicamentos com propriedades analgésicas e anestésicas, tomadas em doses elevadas, tem efeito alucinógeno.
O representante do Unodc, Rafael Franzini, alertou que essas substâncias psicoativas surgem com grande velocidade e são vistas por muitos como pouco prejudiciais. "Essas novas substâncias psicoativas são consumidas de forma pura ou preparadas e representam ameaça à saúde pública. Diz-se que o consumo dessas substâncias é seguro, mas a realidade é muito diferente", disse.
O coordenador-geral de Repressão a Drogas da Polícia Federal, Cézar Luiz Busto, disse que a Polícia Federal tem identificado novas substâncias psicoativas antes mesmo de sua chegada ao Brasil por meio da troca informações com polícias da Europa, o que permite uma melhor prevenção à entrada no país. Segundo ele, essas substâncias têm sido incluídas na lista de elemento de entrada proibida.
Enquanto o uso da cocaína diminuiu ou se manteve estável em muitos países sul-americanos, no Brasil houve aumento, segundo o relatório da Unodc. O país também foi apontado no texto como ponto de trânsito para remessa de cocaína a países da África e Europa em decorrência das fronteiras com grandes produtores de cocaína com Peru, Bolívia e Colômbia.
O titular da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, Vitori Maximiano, explicou que o crescimento do consumo de cocaína é motivado pelo crack e lembrou que o governo brasileiro tem um programa, o Crack É Possível Vencer, para buscar combater o problema. "Temos realizado políticas consistentes em parceria com estados, municípios e sociedade civil para combater esses índices negativos do uso da cocaína. E temos ações estratégicas na área de segurança que deverão produzir os resultados que desejamos".
Cézar Luiz relatou que o Brasil tem acordos de cooperação com os países citados, mais o Paraguai, para investigação e combate ao tráfico de cocaína que já resultou na apreensão de traficantes. "Somente com ações integradas e confiança entre governos e instituições policiais é possível avançar no combate à oferta de drogas", considerou.
No caso da maconha, o número de casos de apreensão da droga no Brasil foi praticamente o mesmo em 2010 e 2011 com 885 e 878 casos, respectivamente. A quantidade, no entanto, cresceu, passando de 155 toneladas em 2010 para 174 toneladas em 2011.