Em quatro horas, 14 irmãos, genros e noras, conseguiram, graças à conciliação e mediação, colocar fim a uma briga por herança que já durava seis anos e poderia se arrastar por mais uma década na Comarca de Aripuanã (região Noroeste). A disputa por cinco lotes de terras e cerca de 700 cabeças de gado, avaliados em R$ 5 milhões, já havia gerado três ações judiciais e arruinado a relação familiar a tal ponto que não restava qualquer esperança de restauração da paz.
O conflito começou quando a matriarca da família faleceu, em 2009, e se agravou após a morte do patriarca, em 2014. A queda de braço entre os 14 herdeiros envolveu mais três advogados. Diante da guerra entre os irmãos que parecia não ter mais fim, o juiz titular da Vara Única da comarca, Fabrício Sávio da Veiga Carlota, resolveu tentar a conciliação que se quer é prevista em processos de inventário.
“A média de tramitação de um processo desses é de 10 a 14 anos, o patrimônio vai se dilapidando e a família se desestruturando. Nesse caso, os bois já estavam morrendo, enquanto dois irmãos brigavam para ser o inventariante e administrar todo o patrimônio”, frisa o juiz.
O magistrado conseguiu reunir em uma única audiência, irmãos que vieram de vários estados, entre eles Paraná e Santa Catarina, de inúmeros municípios de Mato Grosso como Juína e até mesmo de fora do país para discutir como seria a partilha.
No início da audiência, as mágoas eram muitas e dificultaram a negociação, mas utilizando as técnicas de conciliação o magistrado conseguiu conscientizar e sensibilizar as partes para que cada um cedesse uma parte. Aos poucos o rancor foi dando espaço à alegria, ao choro de emoção e aos abraços. Os irmãos testemunharam que de agora em diante, todos voltarão a viver em harmonia.
“Foi surpreendente a resolução do caso. Está provado que a conciliação é a melhor saída para determinados conflitos. Fiquei impressionado de ver que todos vieram para a audiência, apesar de já serem pessoas de idade e da cidade ser de difícil acesso”.