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Comida de péssima qualidade é servida a detentos e servidores em MT

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Comida servida a reeducandos e servidores da segurança pública é de péssima qualidade e chega até azeda no horário de almoço e janta. Apenas uma empresa é responsável por preparar e distribuir 11 mil refeições por dia encaminhadas ao Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), Penitenciária Central do Estado (PCE), delegacias da Capital, Várzea Grande. Entre os policiais já há iniciativa para parar de receber as marmitas e no sistema prisional o receio de que o problema motive rebelião.

Dores de barriga e diarreia são frequentes entre os 2,7 mil reeducandos que vivem na PCE e CRC. A reclamação também é quando a comida chega “incomível”, relata um dos internos. A qualidade da alimentação sempre foi um desafio dentro dos presídios. Há 3 anos, quando ainda atuava pelos corredores dos presídios, o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário de Mato Grosso, João Batista, lembra que foi ameaçado de ser refém por causa de comida.

Além da qualidade, a distribuição tem variado no horário. No período noturno é mais crítico, pois a “tranca”, momento que os reeducandos são recolhidos às celas, não pode ser excedida às 18h. Os prédios contam com pouca iluminação, sendo necessário respeitar o horário para evitar conflitos. Todas às quintas-feiras e domingo, Elizabethe Rodrigues Cardoso, 39, faz comida para levar ao filho preso no CRC. Arroz, feijão, farofa e carne com bom tempero estão na marmita preparada por ela. A dona de casa Maria de Lurdes Lima, 53, diz que o filho entrou há 15 dias no presídio e estranhou a comida. Ela mora em Várzea Grande e diz que não é sempre que pode fazer visitas e levar os pedidos do filho.

Policiais – Plantonistas da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), delegacias de Cuiabá e Várzea Grande reclamam das marmitas. No Centro Integrado de Segurança e Cidadania os policiais civis se reunirão esta semana para discutir se decidirão pela recusa da alimentação. Muitos defendem o fornecimento do ticket. Marmitas flagradas com pedaços de arame, madeira e azeda são consideradas um desperdício pelos servidores. Entre os que se recusam a comer o destino é o lixo ou até mesmo os gatos e cães que rodeiam as delegacias. Presos e moradores de rua por vezes solicitam comida, mas há dias que se torna impossível fornecer devido à péssima qualidade. No transporte, por exemplo, a salada fica exposta ao sol, chegando quente.

A alimentação é fornecida aos plantoni tas para que não precisem sair dentro das 12 horas da função. O coordenador da Central de Plantão de Várzea Grande, Fábio Silveira, afirma que é difícil permitir a saída para um almoço externo dos servidores, principalmente por conta da falta de efetivo. Há dias que o movimento é maior e ele mesmo precisa se alimentar com a comida recebida e a avalia como péssima.

Há dias em que a comida chega fria, outros estragada por causa da má conservação. Investigadores, escrivães e delegados iniciam no plantão às 7h ou 19h dependendo da escala e são “obrigados” a almoçar ou jantar. Neste último caso, as refeições costumam ser entregues entre 16h e 17h e, em geral, ninguém come. Em uma entrega às 12h em uma dele- gacia, a reportagem flagrou a salada armazenada dentro de um saco plástico e “pelando” devido à exposição ao sol.

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