Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revelou 12 mil novas espécies de plantas em toda a região do cerrado que inclui os estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí e Tocantins. O estudo foi feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
As novas espécies incluem arbustos, ervas, gramíneas e bambus. Plantas encontradas somente em um lugar e que nunca mais foram achadas voltaram a aparecer.
Estudo feito em 1998 revelou 6 mil espécies de plantas. O aumento das espécies em cem por cento, segundo a professora do Departamento de Engenharia Florestal da UnB, Jeanine Felfili, se deve à velocidade com que se pode configurar hoje essas listas.
“Hoje, para se colocar uma espécie de planta na lista, é necessário verificar as bases de dados que existem no mundo inteiro, o nome da espécie, se existem outros nomes para ela. Esse é um trabalho muito difícil de fazer se forem olhadas publicações em papel”. A professora explicou que, atualmente, há os bancos de dados em grandes herbários ( lugares onde as coletas de plantas são depositadas para estudos) que podem ser consultados na internet. A tecnologia, segundo ela, facilitou bastante esse trabalho. “Foi uma junção de tecnologia e esforço de coleta”, acrescentou.
Jeanine Felfili disse ainda que com a nova descoberta, ficou confirmado que o cerrado é a savana mais rica do mundo, tão rico quanto algumas áreas de florestas.
“O fato de se encontrar um número muito grande de espécies de plantas no cerrado, bem maior do que o esperado, é um alerta para as autoridades no sentido de que deve haver um programa de conservação bem feito no cerrado, porque enquanto a Amazônia tem unidade de conservação de 1 milhão de hectares, o cerrado só tem uma unidade de conservação pequena, então precisa criar uma unidade de conservação maior e ainda temos espaço para isso. E também estimular as pessoas para a educação ambiental, para que a gente tenha testemunhas da riqueza do cerrado”.