O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) divulgou o relatório final sobre a queda da aeronave agrícola Air Tractor 502 -XP, em novembro de 2022, que ocasionou a morte do piloto Roberto Candido de Souza, de 42 anos, em Vera (80 km de Sinop). O avião decolou da área de pouso para uso aeroagrícola de uma fazenda, por volta das 17h55min, a fim de realizar operação aeroagrícola. Com cerca de cinco minutos de voo, durante manobra de reposicionamento para nova aplicação de defensivos, a aeronave perdeu o controle, colidindo contra o terreno.
O documento, que Só Notícias teve acesso, concluiu que o piloto “cabrou” o avião, ou seja, puxou a parte da frente, em uma altitude acima do recomendado. No momento de realizar a curva para pulverizar a plantação, o aparelho “estolou”, perdendo a sustentação no ar e entrando no que é chamado, na aviação, de “modo de parafuso”, quando a aeronave gira o eixo na vertical e perde altitude rapidamente. Ele acabou colidindo contra a copa das árvores e, em seguida, com o solo.
O documento diz ainda que “é possível que a decisão de empregar altitudes cabradas superiores a 30° no setor nordeste do circuito de pulverização tenha contribuído para que fossem diminuídas as margens de controlabilidade da aeronave”. Sobre a percepção de pilotagem, o documento concluiu que “não foi possível determinar se o piloto teria percebido a entrada inadvertida em parafuso ou empregado as ações sugeridas para a recuperação da aeronave”.
Uma fonte do Só Notícias, que trabalha como piloto agrícola, explicou que quando ocorre essa situação “a recuperação de sustentação é bem difícil porque não tem espaço ali para você recuperar a velocidade do avião, embalar e subir de novo. Ele puxou mais de 30º, colocou o nariz para cima e deve ter feito a curva em baixa velocidade”. Ele explicou que, durante a aplicação dos insumos, é comum os aviões subirem (cabrar) e descerem (picar) várias vezes. No caso de Roberto, ele já havia realizado três voos antes do acidente fatal.
O relatório ainda informou que o piloto estava com o certificado médico aeronáutico e a licença de piloto comercial em vigor. A maior parte do histórico operacional dele se desenvolveu na operação aeroagrícola. Entre setembro de 2012 e a data do acidente, o piloto acumulou mais de 3 mil horas de voo em diversos modelos de aeronaves agrícolas.